Uma
pane no sistema de abastecimento de uma adutora da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae),
localizada no bairro Campo Belo, deixou grande parte de Bom Jardim sem água. O
desabastecimento ocorre desde o dia 15, sexta-feira, justamente no feriado
prolongado da Proclamação da República, quando a cidade recebeu grande número
de turistas e visitantes, fazendo esgotar o que ainda restava de água nos
reservatórios. Uma escassez assim não ocorria desde a catástrofe natural de
janeiro de 2011, quando a enchente afetou a rede de distribuição de água e
arrastou tubulações inteiras.
Em busca de solução para o
problema, vários moradores entraram em contato telefônico ou pessoalmente com o
escritório da Cedae no município, enquanto outros mandaram e-mails para a sede
da empresa, no Rio de Janeiro. Mas os atendentes respondiam que havia ocorrido
um defeito na bomba de recalque do Campo Belo e que não havia previsão para o
conserto da mesma. A adutora abastece diversos bairros, incluindo o centro da
cidade e comunidades periféricas, como Jardim Ornellas, Bem-te-vi, São Miguel,
Maravilha, Alves, Mundo Novo, o próprio Campo Belo e outros, a maioria situada
em partes altas, onde a água só chega impulsionada por bombas. Segundo alguns
moradores informaram, os técnicos e funcionários da Cedae haviam rumado para o
local, onde constataram a quebra do equipamento.
Entretanto,
o conserto não pôde ser efetuado por falta de peças de reposição, que precisam
ser enviadas do Rio de Janeiro para Bom Jardim. Enquanto as peças não chegam, a
população destes bairros permanece desbastecida, sem água para beber, cozinhar,
lavar roupas e outras necessidades diárias, como asseio e limpeza doméstica.
Muitos moradores estão se virando como podem, contratando carros-pipa, conseguindo
água com vizinhos que têm cisternas ou comprando água mineral. Alguns
comerciantes e prestadores de serviço também tiveram seus negócios prejudicados
pela falta do líquido, reclamando que a conta chega sempre em dia e que
eventuais atrasos são punidos com multas, juros e ameaças de corte no
fornecimento. “Mas quem vai punir a Cedae por não cumprir com a sua parte?”,
perguntou um dos empresários afetados.
Um problema
recorrente
Todos os anos, o problema do
desabastecimento de água, principalmente nas partes altas de Bom Jardim parece
ter data marcada. Exatamente nos meses de primavera e verão, quando entra a
estação chuvosa, é que a água começa a faltar nas torneiras, fato que
dificilmente ocorre durante o inverno, no período de seca. A desculpa quase sempre
é a mesma: quebras ou defeitos nos equipamentos de captação e distribuição.
Esses equipamentos da Cedae, segundo foi apurado, são antigos, trabalham
ininterruptamente e vivem dando defeito, recebendo por isso, constantes
reparos. A empresa não tem peças de reposição em estoque, nem bombas reservas
para operar em sistema de revezamento, como ocorre em municípios onde a
distribuição de água é privatizada. Por isso, as soluções dadas pela empresa
são paliativas e a população é obrigada a conviver por anos a fio com este
problema recorrente.
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