Duas semanas após o desaparecimento do taxista bom-jardinense Francisco de Assis da Costa,o mistério finalmente chegou ao fim de forma trágica com a prisão de dois bandidos na RJ-130, em Nova Friburgo, logo após haverem ateado fogo em mais um carro. A prisão aconteceu depois de um tiroteio entre PMs e os bandidos, quando um deles foi ferido e o outro capturado. Interrogado, ele confessou ter assassinado, com requintes de crueldade, o taxista.O outro bandido ferido está internado no hospital Raul Sertã, com uma bala alojada na coluna que o deixará paraplégico.
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Preso, Diego confessou que matou o taxista de Bom Jardim e foi encaminhado para o Rio de Janeiro. |
O tiroteio aconteceu na
quinta-feira, dia 20, envolvendo policiais e dois homens – Diego Rodrigues dos
Santos, de 20 anos, e seu tio, Tiago Almeida Rodrigues, de 31. Segundo a PM, os
suspeitos teriam assassinado o taxista desaparecido em Bom Jardim desde o
último dia 04, quando o mesmo levou um passageiro, possivelmente seu assassino,
para uma corrida a Nova Friburgo. Ainda de acordo com os policiais, os bandidos
foram localizados depois que colocaram fogo em mais um carro na RJ-130, estrada
que liga Nova Friburgo a Teresópolis, próximo à entrada do bairro Granja
Spinelli. Os bandidos estavam em um ponto de ônibus, quando foram abordados
pelos policiais. Eles reagiram e, durante o tiroteio, Tiago foi baleado e
levado para o Hospital Raul Sertã. Seu sobrinho e comparsa foi preso e levado
para a 151ª Delegacia Policial, onde confessou ter barbarizado, matado e
queimado o corpo do taxista de Bom Jardim. Diogo já tem passagens pela polícia
pelos crimes de sequestro, estupro e cárcere privado.
Com os bandidos, foram
encontrados celulares, relógios, R$ 4.417 em dinheiro que pertenciam às vítimas
e documentos do taxista de Conselheiro Paulino, José Carlos da Rocha, 55 anos,
assaltado, sequestrado e torturado pela dupla naquela mesma tarde. Diogo ficou
de ser transferido para um presídio, na cidade do Rio de Janeiro. Tiago
continua internado e segundo os policiais, ficou paraplégico. Eles são acusados
de torturar quatro taxistas este mês, além de matar o bom-jardinense. Ao ser
detido, jovem admitiu que ossada carbonizada encontrada em casa abandonada
seria mesmo de Assis. Com a prisão em flagrante dos dois bandidos, a polícia
pôs fim à onda de assaltos seguidos de sequestros e torturas a pelo menos
quatro taxistas da região, ocorridos só neste mês de dezembro.
Tiago e o sobrinho estavam na
RJ-130 após terem sequestrado José Carlos e ateado fogo em seu táxi, o Prisma
branco LQL 5615, em um terreno baldio da Granja Spinelli. A PM chegou até a dupla
alertada por denúncia dando conta do incêndio do veículo. Ao chegar ao local e
constatar o táxi Prisma ainda em chamas, os PMs fizeram um cerco nas imediações
encontrando Tiago e Diego. O jovem confessou o crime. Ainda na mesma tarde,
José Carlos denunciou o sequestro sofrido à polícia. O taxista reconheceu Diego
na 151ª DP e contou aos comissários Elmo e Bruno Barbosa que Diego solicitara
uma corrida da Praça Lafayette Bravo ao Jardim Califórnia por volta das 13h30.
Segundo o relato de José Carlos,
no meio do caminho o jovem pediu para seguir para São Geraldo pela Estrada do
Girassol, onde Tiago já estava à espera. Tiago então entrou no táxi e mudou a
rota pela segunda vez, agora solicitando ao taxista que seguisse até o Córrego
Dantas, pois ambos pretendiam encontrar um suposto patrão em uma criação de
porcos. Chegando ao local, uma estrada de terra batida e bem erma, José Carlos
foi rendido por Tiago e obrigado a passar para o banco traseiro, sendo levado
em seguida até uma mata. Lá, agarrado por Diego, caminhou por cerca de dez
minutos até uma floresta fechada, tendo sido amarrado a uma árvore com fios de
eletricidade e amordaçado. O taxista foi torturado e Diego lhe perguntou qual
parente ou amigo poderia contatar pedindo resgate. Como o taxista disse que
ninguém na família tinha dinheiro, o jovem poucos minutos depois foi embora.
José Carlos conseguiu se desvencilhar das amarras, voltou à estrada e pediu
socorro ao motorista de uma Variant, que o levou até a Rodoviária Norte, em
Duas Pedras, de onde foi até à Delegacia Legal denunciar o ocorrido.
Com frieza, Diego
confessa que barbarizou com taxistas e leva a polícia ao local onde uma das
supostas vítimas foi carbonizada.
Ao ser interrogado, Diego
impressionou os próprios policiais pela tamanha frieza com que revelou detalhes
das torturas praticadas com taxistas da região. O jovem confessou que, junto ao
tio Tiago, com quem morava, dividia as tarefas criminosas, escolhendo as
vítimas, sempre taxistas, aleatoriamente. A Diego caberia apenas incendiar os
veículos após os assaltos seguidos de sequestros. O tio Tiago se encarregava
das torturas. O jovem confessou ainda sua participação em todos os demais
atentados contra taxistas da região só neste mês e levou os policiais até uma
casa, em ruínas desde a tragédia de 2011, no Córrego Dantas, onde a polícia
encontrou parte de uma ossada humana e um pedaço de crânio, tudo carbonizado.
Diego sustentou que os restos mortais são do taxista Francisco Assis da
Costa. A polícia aguarda o laudo da
necropsia para confirmar se a ossada é mesmo de Assis.
Diego revelou também que naquela
ocasião, seu tio Tiago foi até a rodoviária de Bom Jardim, onde embarcou no
táxi de Assis, o Palio prata KVW 4578, e encontrou com ele na Avenida Roberto
Silveira, em Conselheiro Paulino, em frente à garagem da Faol. Ainda segundo o
relato de Diego, os dois renderam o taxista, tomaram-lhe a féria de R$ 800 e
Tiago levou Francisco até a casa em ruínas, onde o torturou até a morte e ateou
fogo no corpo. O Palio de Francisco foi incendiado em um matagal do Morro das
Contas, em Conselheiro, junto com mais dois veículos.
Diego também confessa
sequestro de taxistas de Cachoeiras e do Centro de Turismo. Este último foi
baleado e ainda está internado com balas na cabeça.
A série de atrocidades a taxistas
cometidas pelo tio e sobrinho não parou por aí. Na 151ª DP, Diego admitiu
também sua participação, junto com o tio Tiago, nos sequestros do taxista
Rodolfo da Silva Garcia, 31 anos, de Cachoeiras de Macacu, e Paulo Cezar
Fernandes Rocha, do ponto-base do Centro de Turismo, na Praça Dermeval Barbosa
Moreira. Rodolfo foi sequestrado no último dia 6 por dois passageiros que
solicitaram o desvio da rota para o Córrego Dantas. Lá Diego contou que o
taxista foi rendido e deixado amarrado junto a uma árvore. Já o taxista Paulo César foi alvo da dupla no
último dia 15, ao volante de seu táxi, o Fiat vermelho LQL 5551, durante uma
corrida do Centro de Turismo ao distrito de Mury. Ele foi rendido, baleado e
deixado em uma estrada vicinal. Paulo César foi socorrido e ainda se encontra
internado no hospital, segundo a polícia, com dois projéteis alojados na
cabeça. Seu táxi, junto com o de Rodolfo, foi incendiado no matagal do Morro
das Contas.