A.
Magno
Às vezes tenho a impressão de que
tudo aconteceu ontem. Lembro-me como batia forte, muito forte o nosso coração
de menino quando entrávamos no mês de dezembro. Uma gostosa ansiedade tomava
conta da gente no aguardo dos presentes que seriam pendurados nas prateleiras e
nos tetos da Casa Erthal, da Casa Fernandes, da Casa Serrano e da Casa Brasil.
Presentes simples de tempos difíceis, de dinheiro curto e de ausência de
prestações. Presentes esses que não passavam de bonecas, bolas de borracha,
garruchinhas, caminhões de madeira, tamborzinhos de lata, espadas de madeira e
o famoso João duro (esse ninguém o contemplava, pois ganhá-lo significava mau
comportamento durante o ano).
Nós, felizes meninos bom-jardinenses,
com certa antecipação já escolhíamos nosso presente e pedíamos ao dono do
estabelecimento que o reservasse para que Papai Noel na véspera do Natal viesse
buscá-lo para colocá-lo em nossos sapatos. Sapatos, normalmente com meia solas.
Na véspera, a ansiedade que nos
envolvia nos dava a impressão de que a qualquer momento nosso coração iria
pegar fogo. Se isso fosse hoje, talvez nos dessem algum rivotrilzinho da vida
para tomarmos, mas, naquele tempo nem maracujina nos davam e não sei como
conseguíamos dormir tão profundamente que nem víamos ou ouvíamos a chegada do
Papai Noel em nossos lares.
No dia seguinte, espontaneamente
pulávamos bem cedinho da cama, olhávamos para trás da porta do quarto e de
olhos arregalados vendo o nosso tão esperado sonho realizado, nós o abraçávamos
carinhosamente, retirávamos a embalagem e sem esperar pelo café da manhã,
partíamos velozmente em direção da Estação Ferroviária e da Praça Cel. Monnerat,
pontos de encontro da molecada para a eufórica apresentação de seus presentes natalinos.
Mas... O tempo passou muito rápido e
os felizes meninos daquela época cresceram, tomaram seus rumos, constituíram
suas famílias, vários deles, infelizmente, já nos deixaram e os que ainda
continuam perambulando por esse planeta de provas e expiações, provavelmente,
por suas idades, suas experiências de vida e por compreenderem que hoje têm
muito mais passado do que futuro, já não mais fazem questão de presentes
natalinos, mas sim de “presenças amigas” em qualquer ocasião. Todavia, apesar
de termos mais passado do que futuro, isso não nos impede de sonharmos com dias
mais justos e melhores. No que tange a justiça, eu sonho ainda ver o nome do Prof. Wilson Braz Teixeira como nome de algum órgão de ensino, órgão cultural, nome
de rua, etc. Em suma, ver o seu nome oficialmente eternizado na memória da história
bom-jardinense.
Aos meus queridos amigos que sempre
me acolheram com tanto carinho: “Feliz Natal!!!”
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