Para um ano de esperanças
Caros amigos, está impresso na
memória nacional, e especialmente em nossas lembranças particulares, os tristes
eventos de janeiro de 2011. Mais uma vez nos encontramos em pleno período das
chuvas e é ocasião de decidirmos não permanecer escravos de tristezas passadas.
Bom Jardim e Nova Friburgo sempre
foram conhecidas nos meses de verão como lugares agradáveis e de lazer em meio
às belezas da paisagem serrana. O sorriso dos povos acolhedores e o clima
familiar sempre caracterizaram estas serras fluminenses. A valentia dos
desbravadores e colonizadores marcam a história destas nossas cidades muito
mais do que os reveses que sempre coexistiram com seus anos de fundações.
Ao vermos as carências que nos
rodeiam pode haver a tentação da desesperança que não é condizente com nosso
espírito cristão. O homem possui a técnica necessária para remodelar locais de
risco, reconstruir casas e edifícios ameaçados, e dar condições dignas de vida
aos que aqui moram, mas há ainda outra obra mais importante que estas.
Cristo é o único capaz de curar
as feridas dos nossos corações que ainda choram as consequências de um ano de
lutas e esforços, e não nos deixa abater pelo pessimismo e pela desesperança. A
vida e a força que brotam do Ressuscitado levam-nos a experimentar também um
período de constante ressurreição.
Por mais que a tecnologia seja
importante, a base humana de corações reconciliados é única capaz de construir.
Como tive a oportunidade de dizer na homilia do aniversário de 193 anos de Nova
Friburgo, repito agora: Não queremos ficar para a história como a cidade da
tragédia e das lágrimas, nenhum de nós quer ser conhecido como habitantes da
cidade que foi atingida por um acidente climático!
Reconstruir uma cidade passa
necessariamente pela reconstrução do seu povo, de sua autoestima e de sua
confiança nas instituições que tem por vocação a gestão do bem comum, e acima
de tudo na providência de Deus, que é Amor.
Este ano nos convida a decisões
importantes. Sair do caminho do luto e tomar novas iniciativas motivados pela
caridade e pelo compromisso social, que são marcas distintivas do homem de fé.
O nosso futuro em grande parte é construído por nossas opções de hoje, e estas
decisões devemos tomá-las diante de Deus e com uma consciência reta. Enquanto
basearmos nossas decisões somente em nossos particulares interesses,
edificaremos sobre alicerces falsos e pobres. Pela superação do egoísmo também
passa a obra nova de Cristo e o soerguimento de Nova Friburgo, Bom Jardim e
demais atingidas naquela ocasião.
Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo diocesano de Nova Friburgo
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