(*) Erthal Rocha
Convivi com Dr. Péricles Corrêa da Rocha, (primo de meu pai), nas duas últimas décadas de sua existência terrena e, principalmente, após assumir a presidência do Banco Agrícola de Cantagalo. Em sua gestão passou de instituição regional a estadual, com instalação de agências em diversos municípios, inclusive com filial na antiga capital da República, até ser absorvido pelo Banerj.
Fui seu advogado e de Dona Julica de Sá e Rocha, durante sua viuvez. Por generosa determinação de Julica, como era carinhosamente chamada, providenciei, ao lado do saudoso amigo e dedicado funcionário da Companhia Duca de Paula Pinto, escrituras de doação de terrenos,
Dei assistência, ainda, como advogado da Cia. Agrícola Luiz Corrêa, na escritura de desapropriação de excelente área de terra onde foi instalado o Horto Florestal Municipal, na sede de Bom Jardim, na Av. Walter Vendas Rodrigues, ao lado da antiga via férrea. O decreto foi expedido pelo Prefeito Benedito Coube de Carvalho. Levei o seu teor para a apreciação de D. Julica, afirmando-lhe que estava abaixo do preço de mercado e se autorizava a contestação judicial. Suas palavras “Se é para favorecer o povo de Bom Jardim que sempre estimei e fui sempre por ele estimada, façamos a escritura como está!”.
Em 1932, terrível acidente ferroviário causou a morte de Dona Eugênia Boechat, esposa do Coronel Luiz Corrêa e da filha caçula Odete, ficando feridos seu marido, Godofredo Brandão Graça e Dr. Péricles. A tragédia abalou profundamente a estrutura da família. A causa do acidente é explicada por Marta Novis, no livro. A viagem de automóvel de Bom Jardim ao Engenho Central era extremamente penosa por precária e poeirenta estrada de terra. Dr. Péricles precisava fazer esse trajeto constantemente. Com seu inegável prestígio junto à Estrada de Ferro Leopoldina, da qual era um dos maiores usuários, Luiz Corrêa conseguiu daquela empresa uma coisa inteiramente irregular: um trolley de linha férrea movido por um possante motor de automóvel. O trajeto entre Bom Jardim e o Engenho Central (Itaocara) passou a ser feito em duas horas e meia. Numa das viagens, o limpa-trilhos soltou-se e fez o carro capotar, ocasionando a tragédia, com a morte de duas familiares e trágicas conseqüências. O relacionamento entre pai e filho ficou abalado durante quinze anos.
Lembro-me do sepultamento de Dr.Péricles, em 1969, no Cemitério de São João Batista, no Rio, com numeroso acompanhamento, incluindo seus amigos pessoais, o Brigadeiro
Da família Darrigue de Faro foi destacada a trajetória da matriarca Zita Darrigue de Faro e de seu filho, o arquiteto Frederico Darrigue de Faro Filho chamado de Frederiquinho, para diferenciá-lo do pai. Dona Zita foi uma grande mulher, dotada de inegável bravura. Ainda jovem, com o filho menor em sua companhia, teve a coragem de se separar do marido, por não suportar sua vida boêmia e irresponsável.
Passou a viver de seu modesto salário de professora. Conseguiu internar seu filho no Colégio Pedro II (o melhor e mais famoso do Rio de Janeiro da época), no qual passou em primeiro lugar. Educou-o e o preparou para os embates da vida, tornando-o um renomado arquiteto. Ele foi o filho querido que Deus deu ao Dr. Péricles e Julica, tendo sido o braço direito do casal, em todos os sentidos. Arquiteto notável, foi um dos diretores da firma F.P. Veiga & Faro Filho – Engenharia e Arquitetura, responsável por diversos empreendimentos na cidade do Rio de Janeiro. Não se pode esquecer que a Igreja de Nossa Senhora do Brasil, na Urca, foi um projeto de sua autoria, representando atração turística por todos admirada.
(Seguirei com outros acontecimentos, inclusive com a cisão política, em 1924, entre as Famílias Côrrea da Rocha e Erthal, com graves reflexos para Bom Jardim)
(*) Célio Erthal Rocha- E-mail: erthalrocha@terra.com.br - é jornalista, advogado, membro do IHG/BJ e articulista do Jornal MAIS BJ+NF.
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