quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Coluna do Magno


NA VIDA TUDO PASSA

A.   Magno

Em 17 de setembro passado eu me encontrava na residência de um amigo que mora na Avenida Boa Viagem, bem de frente da bela praia recifense.
Lá pelas três da tarde comecei a ouvir frevos numa altura considerável que me levou a indagar ao amigo do que se tratava. Otávio riu e falou:
– Que conversa é essa cara! Pra cima de mim!...
– Não entendi... – falei.
Otávio continuou rindo e disse:
– Pois eu estava pensando que você tinha vindo a minha casa para trocar de roupa e ir para a “parada”.
– Que parada?– indaguei.
– A parada gay, cara! Não vai não?...
– Tô fora!...
Como ano passado eu já havia assistido o dito evento e não achei nenhuma graça, permaneci papeando com o Otávio que aguardava por um Veterinário que viria bater eletro cardiograma de seus três cachorros para poderem fazer tratamento dentário. “Que luxo!”– pensei.
Por volta das quatro horas chegou o Veterinário se desculpando por ter chegado atrasado a virtude da tal parada.
Otávio, não perdeu tempo e brincou com o jovem Veterinário:
– E aí, doutor, bateu muitos eletros nas bichinhas?
– Ainda não. Mas, se eu for chamado, bato o eletro na hora... (risos)
         O Veterinário aproveitou a carona e perguntou:   
– Ó doutor Otávio, desculpe a pergunta: O senhor tem “algum” na família?
– Que eu saiba, não... E você tem?
– Até novembro de 2010, tinha não...
Diante da confusa resposta, Otávio futucou a onça com vara curta:
– Como assim, doutor?
– Até novembro doutor Otávio, porque a bomba explodiu justamente em pleno Natal lá em Fortaleza.
O Veterinário deu uma pausa e continuou:
– A minha família é de Fortaleza e como tradição nós sempre passamos o Natal com a nossa avó. Aí, depois do almoço natalino, um primo noivo há uns seis anos e concluinte de Direito pediu a palavra e anunciou que estava terminando com o noivado porque era “gay” e, assim sendo não ia mais viver no conflito que vinha vivendo há anos. Doutor Otávio...! Pense no rebu que acorreu!... Foi desmaio para um lado, pressão alta para outro, taxas de glicose pro outro e vai por aí... Até eu fiquei confuso.
Após alguns risos, Otávio futucou:
– Mas o cabra nunca deu nenhuma pinta?
– Deu nada!... Pois foi aí o choque de todos!
– E depois disso, como ficaram as coisas na família?
– Doutor Otávio... A turma mais jovem tirou de letra, mas os pais e a vovó ainda hoje acham que se trata de uma “fase que vai passar”.
Continuou o Veterinário.
         – Noutro dia, a vovó me telefonou e disse que havia ido ao Canindé para fazer uma promessa a São Francisco para a fase de o primo passar rápido. Para não contrariar a velha eu ouvi e fiquei na minha. Mas, quando ela me perguntou: “O meu filho, você também não acha que essa fase de baitolagem do Pedrinho vai passar?” Aí... Eu pensei, pensei e respondi: ”Vai sim vovó. Quando o Pedrinho morrer a fase passa”.
Depois de outras boas risadas, o Veterinário perguntou:
– Ó doutor Otávio, qual é a sua opinião sobre “baitolagem”?
Otávio sem muitas delongas, respondeu:
– Olha... Eu sou do tempo em que dar o “fi – o –fó” – gesticulou – era feio e fumar é que era bonito, ou seja, charmoso. Porém... O mundo mudou muito e eu venho tentando acostumar-me com “ceeeertas” mudanças... (rsrsrs...) 

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