sexta-feira, 27 de março de 2009

Fundador da 1001 vai receber homenagem póstuma em Friburgo


Por Cesar Carvalho

A trajetória de sucesso do empresário Jelson da Costa Antunes – dinâmico fundador da conhecida e conceituada empresa de transporte de passageiros Auto Viação 1001 S.A, hoje pertencente ao importante conglomerado denominado Grupo JCA, que além da 1001, é formado pelas não menos importantes Viação Cometa e Auto Viação Catarinense – será homenageado pela primeira vez em Nova Friburgo, cidade há muitos anos servida pela empresa de transporte. Jelson, tragicamente falecido num acidente de carro em 2006, perto de completar 80 anos, vai receber honrosa e merecida homenagem na Revista e Festa dos Destaques do Ano 2008, que está sendo preparada pelo produtor Sérgio Arouca para acontecer agora em 2009. Conforme também é desejo do produtor, é possível que a Câmara Municipal de Bom Jardim igualmente venha prestar merecido tributo ao fundador da 1001.
Em suas próximas edições, o JORNAL MAIS, também engajado na concessão das honrarias, estará apresentando todos os detalhes sobre a festa de Nova Friburgo, que está sendo programada com todo esmero por Sérgio Arouca, bem como da possível homenagem na Câmara bom-jardinense. A seguir, conheça os detalhes da vida e a trajetória de Jelson Antunes (na foto acima, a bordo de uma das barcas do trajeto Rio-Niterói), conforme dados colhidos num livro sobre sua vida, intitulado “Tudo começou com meio-ônibus”:

JELSON – Sua trajetória começa em 9 de novembro de 1927, quando nasceu, sendo o 12º de 13 filhos de Maria das Dores Antunes e Carlos Bernardinho Antunes Filho, seu pai conhecido e chamado por todos de Beleza. Ainda menino, ajudava o pai num armazém e numa quitanda no bairro de Neves, em São Gonçalo. O pai ainda trabalhava num botequim e numa olaria para ajudar no sustento da família. Com isso, tendo que ajudar a família, Jelson acabou deixando a escola no 3º ano primário e ainda jovem, começou como faxineiro, cobrador, mecânico e também eletricista de mão cheia na Viação Cabussú, pequena empresa de São Gonçalo, que possuía na época, apenas quatro ônibus. Começou a ganhar tão bem, que conseguia economizar praticamente a metade do que ganhava. Com18 anos e já com a carteira de motorista, além de um patrimônico de 15 contos de reis que havia juntado, Jelson se associou ao irmão mais velho, que colocou a mesma quantia na compra do “Jeríco”, apelido carinhoso de seu primeiro ônibus, considerado assim também seu “primeiro meio ônibus”.
Depois de com este ônibus trabalhar, agregado à frota da Viação Niterói e de conseguir pagar este seu primeiro investimento na ordem de 60 contos, ele o vendeu por 110, tendo assim recurso para o próximo investimento. A seguir, além dos 55 contos de reais em promissórias como lucro, ele conseguiu juntar mais uns 700 em dinheiro, ele seguiu então para Macaé, onde viu um belo ônibus e partiu para sua compra. Assim,tudo que ele, Jelson, um motorista, cobrador, mecânico e eletricista queria com um ônibus somente seu começou a sonhar e crescer. Sua primeira linha foi Macaé-Quissamã, denominada Viação Líder, apesar de possuir só um ônibus, mas que era todo seu.
Mais tarde, adquiriu outro ônibus no ferro-velho, que reformado, começou a fazer também a linda Macaé-Conceição de Macabu. Sua visão empresarial e censo de oportunidade fizeram com que conseguisse depois sua terceira linha como mais um lance certeiro: Em Tapera, distrito de Trajano de Moraes, iniciava-se em 1939 a construção de uma grande usina hidrelétrica, que acabou não sendo erguida. Naquela época por aquelas bandas, onde viajar significava andar na boléia ou carroceria de um caminhão, a chegada do ônibus passou a representar um luxo, com transporte mais rápido e confortável. Assim, com Macaé já ficando pequena para ele, Jelson retornou a cidade onde começou e adquiriu a Viação Niterói, empresa na qual começou trabalhando como faxineiro.

Um apaixonado por aviação – Em Niterói, casou-se com Cecília Vargas de Souza e aos 23 anos já era pai de Heloisa Helena e depois de Carlos Otávio. Órfão de mãe aos 11 anos de idade e com escolarização só até a 3º série primária, tornou-se GRANDE DONO DE UM DOS MAIORES GRUPOS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DO BRASIL. Com 27 anos, já era muito conhecido e respeitado no setor. Em 1995 ele fez nascer a Auto ônibus São José, que inicialmente contava com 16 ônibus e fazia as linhas São José-Alcantâra e Alcântara-Niterói. Em 1963, a São José já era considerada a maior empresa de ônibus do Estado do Rio, com 68 carros. Na época, o empresário Jelson tinha então 36 anos de idade.
Depois foi crescendo mais, adquirindo novas linhas e criando outras empresas, como a Transpote Ivanir que fazia Araruama-Niterói. Também montou uma concessionária de revenda da Volkswagen, a Casal. Vieram depois as aquisições das empresas Expresso Rio Bonito e Expresso Itaboraí. Em 1968, aconteceu o maior marco já vislumbrado por Jelson, que foi adquirir uma linha que fazia Cabo Frio através da Auto Viação 1001, pertencente aos Irmãos Cortez, que acabou lhe oferecendo não só aquela linha, mas toda a empresa. Como era “pegar ou largar”, Jelson não titubeou. O passo grandioso representava adquirir numa só tacada mais de 200 ônibus, comprando assim a empresa fechada com tudo, ônibus, quadro de funcionários, etc. Assim a empresa, além da almejada linha Cabo Frio, fazia também Niterói-Araruama, Niterói-Saquarema.
O progresso continuou e logo nos anos seguintes, nas décadas 70 e 80, Jelson adquiriu diversas outras linhas da região, das empresas Útil, Salutaris, Natividade, Rio Minho, Brasil e União. Posteriormente, chegou também à chamada Zona da Mata de Minas Gerais, adquirindo a empresa Citran, que fazia linhas do Rio de Janeiro para Além Paraíba, Cataguases, Muriaé, Manhumirim, Manhuaçu e Governador Valadares entre outras. Em 1989, comprou e montou o “Rodoporto Oásis”, um ponto de apoio da estrada na BR-101, em Casimiro de Abreu. Já nos início dos anos 90, Jelson alcançou também o Sul do Brasil. Depois, com suas empresas já fazendo parte do chamado “Grupo JCA”, ter adquirido em 1995, a RRP-Rápido Ribeirão Preto e assim fincado pé também no oeste de São Paulo, o grupo JCA adquiriu a Viação Catarinense de Blumenau.
O progresso não parou aí: em 2002, o grupo JCA deu mais outro passo importante, adquirindo a lendária Viação Cometa, provavelmente a transação e passo do empresário Jelson que mais causou impacto e surpresa no mercado e segmento de transporte no país. No ano seguinte, mais um empreendimento passava a fazer parte do Grupo JCA, que foi o Rápido Macaense, comprado em 2003. Além destes passos e de se agigantar no segmento de transporte coletivo, o Grupo JCA passou também a integrar um consórcio que participou da licitação do transporte por barcas no trajeto Rio-Niterói. Com isso, o grupo se tornou acionista majoritário da Barcas S/A, que além daquelas próprias e antigas barcas, utiliza também os modernos catamarãs.
Triste adeus – Em 2006, uma fatalidade abalou a todos. Em decorrência de um acidente de carro na estrada, lugar que tanto amava e onde escreveu sua história, faleceu Jelson da Costa Antunes, o menino de Itaboraí. Mas a vida precisa seguir e a esposa dona Cilinha e familiares, junto com a segunda e terceira gerações, seguindo e exemplo vivo e marcante do empreendedor Jelson, não deixou que tudo parasse e seguiu em frente, pois a empresa continua mais forte que nunca. E tudo que começou com “meio ônibus” faz com que o Grupo JCA conte hoje com uma frota de mais de 2.200 ônibus e vinte embarcações, transportando mais 75 milhões de passageiros.
Com isso, a 1001 e a Cometa têm mais de 60 anos de atividades, a Viação Catarinense, 80 anos e RRP mais de 40 anos, o Grupo JCA segue cada vez mais robusto e forte. O que era no passado um dos grandes sonhos de Jelson, o de oferecer oportunidade de desenvolvimento para os jovens, que embora capazes, carecessem de recursos financeiros para se formarem cidadãos atuantes, homens públicos conscientes, se faz realidade por meio da criação e já pleno funcionamento INSTITUTO JELSON DA COSTA ANTUNES.

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