quinta-feira, 12 de março de 2009

Prefeitura de Bom Jardim tem projeto pioneiro para produção de medicamentos fitoterápicos e produtos da flora medicinal

Iniciativa em parceria com o Portal Violeta promove o resgate cultural e a qualidade de vida e tem o apoio do governo federal 

O Projeto Farmácia Viva, reconhecido em vários estados do Brasil, inclusive pelo ministério da Saúde, será implantado em Bom Jardim, através do Projeto Portal Violeta, coordenado pela professora Tânia Viana (FOTO). Essa é uma iniciativa do atual governo Affonso Monnerat, por meio da secretaria municipal de Educação, que vai por em prática um antigo desejo do prefeito, vindo desde sua gestão anterior, que é implantar um horto medicinal na área do horto municipal, com um laboratório de produção de medicamentos fitoterápicos. Ambos os espaços pedagógicos e de saúde pública estarão capacitando crianças e jovens das escolas municipais, na prática de pesquisa, plantio e catalogação das ervas medicinais da região e produção de fitoterápicos, como tinturas-mãe – base para diversos medicamentos da flora medicinal e produtos naturais artesanais – como sabonetes de ervas medicinais, sachês e xampus contra piolho.

A idéia da prefeitura de lançar o projeto pioneiro na região chegou numa hora bastante propícia, uma vez que o ministério da Saúde acaba de anunciar que pretende distribuir remédios feitos com plantas medicinais aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). E para isso, o governo federal está estudando a criação de uma linha especial de crédito para pesquisas com 71 espécies da flora medicinal brasileira. Esse é um resgate cultural que acontece em todo o Brasil, seguindo os passos da Alemanha, Índia, Irlanda e China, principalmente, e vem trazendo para a população jovem local a possibilidade de capacitação e formação profissionalizante, com uma equipe de apoio constituída de um farmacêutico responsável com especialização em ervas medicinais, uma mestra em bioquímica vegetal, uma naturopata e outros profissionais.

“Ao iniciarmos este projeto, não podemos esquecer jamais de nosso saudoso Cidinho Emerick, erveiro incomparável e nosso grande amigo, que ao chegar à região, pesquisou durante quatro anos ervas das redondezas da Ponte Berçot e Alto Sertão, onde nossos sítios se situavam”, disse a professora Tânia Viana, lembrando que Cidinho vem a ser o pai do também saudoso Juca Emerick e avô de Iaci Emerick, funcionária da prefeitura de Bom Jardim.           

O Projeto Farmácia do Campo objetiva desenvolver a capacitação de alunos da rede pública (grupos de interesse) em cultivo de ervas medicinais e catalogação das ervas nativas existentes na região, enfatizando o manuseio orgânico, com medidas de recuperação e conservação de solo, adubação orgânica (adubação verde, composto orgânico, estercos, húmus de minhoca e biofertilizantes). Também busca a conscientização da necessidade de preservação dos mananciais hídricos, sua qualidade e fertirrigação orgânica.

Traz ainda em seu bojo uma nova visão, métodos e controle alternativo de pragas e doenças, além da abordagem dos maiores erros da agricultura orgânica em clima tropical, sua certificação (credenciamento e normatização) e comercialização. O projeto levará o jovem a um aprofundamento e conhecimento de botânica e bioquímica das plantas, assim como, estudos ambientais de solo, agroecolologia, permacultura e produção de fitoterápicos como tinturas-mãe, óleos essenciais, hidrolatos, alcoolatos, sabonetes e xampus medicinais, xaropes caseiros, garrafadas a base de mel e aloe vera e empacotamentos artesanais unitários de ervas.

“Visamos com isso, não só o enriquecimento do conhecimento dos jovens da escola agrícola CEFFA Vieira Batista – recentemente reinaugurada em Córrego de Santo Antônio – mas também outras escolas, iniciando com o tão qualificado Colégio Moreira Franco, abrindo-lhes com isso, novos horizontes de profissionalização e levando-os a buscar formação acadêmica superior nas áreas de Farmácia e Bioquímica, Agronomia, Engenharia Florestal, Gestão Ambiental, Biologia e outros cursos correlatos”, continuou Tânia.

Para ela, a metodologia a ser utilizada será a da pedagogia da alternância adotadas pelos Centros Familiares de Formação por Alternância – CEFFAs, com as práticas de pesquisa das ervas locais, incluindo frutíferos e mata nativa, catalogação, práticas laboratoriais em bioquímica de plantas medicinais e produção de fitoterápicos. A Instituição proponente será o Portal Violeta coordenador do FARMÁCIA DO CAMPO, pois já implanta hortos e laboratórios de fitoterapia em escolas públicas desde 1999 e já possui uma equipe técnica com farmacêutico especializado, engenheiro agrônomo, bióloga, naturopata (especialista em terapias naturais), consultor de projetos, dinamizador de grupo e orientador tecnológico.

      O Projeto Portal Violeta foi criado em 1999, registrado na Biblioteca Nacional e implantado em escolas públicas do estado desde 2000, tendo como sua  primeira escola incubadora, o CIEP 322, de Bom Jardim, onde foi implantado um laboratório de fitoterapia, uma horta orgânica, oficinas de pães caseiros, de derivados de soja, alimentos alternativos para as merendeiras, xaropes e  multimisturas, além de velas aromáticas. Estas oficinas permaneceram nesta escola até 2007. Paralelo a isso, a Coordenadoria Serrana II, desde o ano 2000 vem convidando a gestora do projeto para ministrar palestras e oficinas em várias escolas do estado. O projeto sempre contou com o apoio das coordenadorias por onde passou e particularmente, pela Serrana II, sendo inclusive citado na revista do Jornal do Brasil, pela então responsável pela Divisão de Alimentação da secretaria estadual de Educação, Tânia Meneghine, como exemplo de projeto ativo e criativo. Ao longo dos anos, o projeto vem sendo sempre elogiado pelos jornais locais dos municípios onde atuou e revistas ambientalistas. É um projeto independente de ações nas escolas públicas e comunidades carentes, cujo objetivo maior é combater o desperdício, o uso indiscriminado de quimioterapia e estimular a valorização da vida. Além disso, envolve também a capacitação de crianças portadoras de deficiências, de acordo com suas habilidades. 

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