sexta-feira, 4 de maio de 2012

Bom Jardim realiza o primeiro simulado com sirenes


Sistema de alerta para cheias e deslizamentos foi instalado em São Miguel, onde aconteceram as simulações, com presença de autoridades e da população.

Bom Jardim recebeu do governo estadual um sistema de alerta para cheias e deslizamentos de terra, cuja instalação e a simulação das sirenes aconteceram no último dia 29 de abril, domingo, no bairro São Miguel. A população do local, um dos mais afetados pela enchente do ano passado, também foi treinada e informada como se precaver para o caso de eventos climáticos. O assunto foi tema do telejornal Bom Dia Rio, da Rede Globo de Televisão. A sirene foi acionada pelo prefeito de Bom Jardim Paulo Barros, a partir de um computador que estava no ponto de apoio no CIEP 322 Mozart Cunha Guimarães. O dispositivo foi instalado no alto de um prédio. “Quando soar a sirene o pessoal vem para o ponto de apoio. Aqui, nós vamos explicar como vai ser”, explicou o secretário de Defesa Civil de Bom Jardim, Romildo André de Jesus. A estudante Vitória Nunes, de 12 anos, não deixou de participar e ficou atenta às dicas de segurança. “Eu devo ficar afastada de barrancos, de rio, de beira de rio”, disse.
No total, oito sirenes já foram montadas no município, a exemplo do que já foi feito em Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, perfazendo 81 sirenes instaladas, um investimento de R$ 3,7 milhões. A Defesa Civil do estado quer levar o sistema para todas as áreas que ofereçam risco de deslizamento no estado. “Esse projeto já está em Brasília, já está na Defesa Civil Nacional, sendo analisado para que haja um convênio do Governo Federal e do Governo do Estado, afim de que a gente possa ampliar esse projeto”, explicou o coronel Luís Guilherme Ferreira, superintendente da Defesa Civil. A simulação em Bom Jardim encerrou a entrega das sirenes nas quatro cidades da Região Serrana, afetadas na tragédia do ano passado. “Nós temos que ter consciência de que a gente mora numa área de grandes encostas, pequenos vales, que, em toda a chuva, sempre tem um escorregamento, tem uma inundação. É atuar na prevenção, não depois do desastre. É atuar para que, ocorrendo um desastre, a gente não perca vidas”, falou o subsecretário de reconstrução da Região Serrana, Affonso Monnerat, também presente.
A Defesa Civil recomenda ainda que os municípios façam testes mensais para que a população se familiarize com os treinamentos. “Que utilizem a data do dia dez de cada mês, às 10h, até por ser uma data sugestiva, um horário sugestivo, para que realize um teste sonoro. Que é um teste avisando a população, lembrando a população, que existe o sistema, para que isso não caia no esquecimento”, disse o coronel Luís Guilherme Ferreira.
Como já aconteceu a partir de outubro de 2011 em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, a cidade de Bom Jardim recebeu neste domingo (26/4) o Sistema de Alerta e Alarme, da Secretaria de Defesa Civil do estado. A ação fechou o ciclo desta primeira etapa, que priorizou os municípios da Região Serrana mais afetados pelas enchentes de janeiro de 2011, mas o plano é estender o programa para todas as cidades do estado, onde o Departamento de Recursos Minerais (DRM) mapeou mais de 700 pontos de risco de desabamento ou de inundações. Agentes estaduais e municipais de Defesa Civil aplicaram no Centro e no bairro de São Miguel o “I Exercício Simulado do Sistema”, que visa preservar vidas de moradores em áreas de extremo risco de acidentes geológicos e hidrológicos. Bom Jardim recebeu conjuntos de sirenes em mais sete comunidades mapeadas. O município não teve morte nas enchentes de 2011, mas sofreu muitos danos materiais com o transbordamento do Rio Grande.
Paralelamente, as lideranças e agentes comunitários foram treinados pela Defesa Civil do estado para realizar os procedimentos de evacuação de moradores em caso de alerta de temporais. No total, o estado implantou na Região Serrana sistema de sirenes em 48 comunidades: além das oito de Bom Jardim, 20 em Nova Friburgo, 10 em Teresópolis e 10 em Petrópolis. Esses municípios tiveram mais de 900 mortos e inúmeras perdas materiais com as enchentes de 2011. As simulações do sistema fazem parte do cronograma definido pelo Centro Estadual de Administração de Desastres (Cestad), que tem por objetivo esclarecer a população sobre os procedimentos de evacuação em situações emergenciais causadas por chuvas. As secretarias municipais de Defesa Civil ficarão encarregadas de realizar, a partir de maio, uma avaliação funcional dos equipamentos sempre às 10h do dia 10 de cada mês, além de treinar periodicamente as comunidades. Segundo o superintendente da Defesa Civil, coronel Luiz Guilherme Santos, o Estado do Rio é o pioneiro no país na implantação deste tipo de sistema de alerta.
“Sua eficiência já foi comprovada em outros lugares do mundo, como Bogotá e Medellin, na Colômbia; Santiago, no Chile; Tóquio e outras cidades japonesas que convivem com o risco de desabamento provocados por terremotos ou outros acidentes naturais”, afirmou o superintendente. Dona Iza Jasmim da Rosa, 70 anos, que nasceu e mora no bairro de São Miguel, viveu um pesadelo com a família em 2011. Ela perdeu quase todos os móveis com a inundação de sua residência e a situação só não foi pior porque se refugiou, com o marido e o filho, no andar de cima onde vivem a filha, o genro e um neto.
“Hoje, me sinto aliviada com este programa maravilhoso, que foi a implantação das sirenes. Para mim e para todo morador de São Miguel. Vivemos naquele dia uma noite de muita tragédia. Fomos pegos de surpresa com uma avalanche de água, lama, árvores e tudo que você possa imaginar. Não estávamos preparados como agora”, afirmou a dona de casa. O projeto piloto na Região Serrana, que custou quase R$ 5 milhões, servirá de experiência para sua expansão no estado até 2014. A Secretaria de Defesa Civil já entregou à Secretaria Nacional de Defesa Civil, do governo federal, um pedido para colocação do sistema em áreas de risco de inicialmente 31 municípios e, mais tarde, nos demais. A capital do estado foi a primeira a instalar o sistema de alarme.
Em 2011, a catástrofe ambiental deixou um saldo de mais de 900 mortos, dois desabrigados e 400 imóveis destruídos, além de grande prejuízo material para a população e o patrimônio público.

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