A
unção de Betânia
Caros irmãos e irmãs,
chama nossa atenção que ultimamente tem se manifestado dentro da Igreja uma
atitude crítica, estranha à autêntica tradição cristã, que desaprova o esforço
empregado na beleza e dignidade do culto cristão. Entre os motivos alegados
alguns aludem até à simplicidade de Jesus Cristo. A este respeito, convido a
meditarmos sobre o conhecido episódio da Unção de Betânia (Jo 12), na qual
Cristo, estando na casa de seus amigos, tem os seus pés ungidos com um
caríssimo perfume.
Aos olhos incrédulos,
não parece desproporcionada a pergunta de Judas, um dos apóstolos: “Por que não
se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo
12,5). A posição de Maria, que ungiu os pés do Senhor, entretanto, parece ser
distinta e é Cristo que a explica quando diz: “Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia
da minha sepultura” (Jo 12, 7).
O texto evangélico nos revela que por trás de uma
caricatura de piedade cristã que não receia em gastar consigo – porque Judas “dizia
isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e,
tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam” (Jo 12,6) –, mas vê com maus olhos
o desperdício com as coisas de Deus, se escondia o rosto do traidor.
Caros amigos, se nos
decidimos a caminhar com Jesus, em um cotidiano encontro com o Senhor na sua
Palavra, na Liturgia da Igreja e no amor fraterno, devemos esforçar-nos por
recebê-lo sempre bem.
A primeira preparação
deve ser evidentemente interior, uma atitude profunda do coração, um movimento
daquele que ama e procura o Senhor de sua vida. Porém, pressuposta esta, também
devemos dispor os meios externos.
O Concílio Vaticano II
nos ensina que “Cristo está sempre presente na sua igreja, especialmente nas
ações litúrgicas” (SC 7), de modo que “a Liturgia, ao mesmo tempo que edifica
os que estão na Igreja em templo santo no Senhor (...) robustece de modo
admirável as suas energias para pregar Cristo e mostra a Igreja aos que estão
fora” (SC 2). Se tal é a importância do culto, não nos surpreende a exclamação
do salmista: “Senhor, eu amo a casa onde habitais e o lugar em que reside a
vossa glória” (Sl 25, 8).
Uma das finalidades de nosso dízimo e ofertas deve ser o
culto, sua beleza e dignidade, nisto se reconhece a atitude daqueles que todos
os dias se alegram com a presença de Cristo que nos da a vida eterna e nos
convida a subir com ele para Jerusalém. Também nestes detalhes manifestamos
nossa fé ao mundo, e nosso amor a Deus.
Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de Nova Friburgo & região
Bispo Diocesano de Nova Friburgo & região
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