terça-feira, 25 de novembro de 2008

De quem é a responsabilidade?

Falta de manutenção de acesso a Reserva Ambiental envolve quatro municípios

A Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Shangri-lá, situada no distrito de Sana, Macaé, mas com acesso por Trajano de Moraes e Bom Jardim, está com dificuldades para manutenção da única via de acesso à propriedade, uma estrada vicinal de 8km, que desemboca na localidade de Tirol, entre os distritos de Maria Mendonça, no município de Trajano de Moraes, e de Barra Alegre, em Bom Jardim. Em contato recente com a reportagem do JORNAL MAIS, a ambientalista e professora Lúcia Jatobá – proprietária da RPPN e que reside em Bom Jardim – reclamou da falta de apoio para a manutenção da estrada de acesso, parte dela situada no trecho conhecido como Pântano, na localidade de Tirol, e outra parte já em terras de Macaé.
Em busca de solução para o problema, Lúcia procurou as autoridades locais. A prefeitura de Trajano se comprometeu em cuidar do trecho situado em território trajanense, dizendo que a parte situada já no distrito de Sana compete à prefeitura de Macaé. Mas, como o único acesso à reserva por Macaé é através de uma trilha no meio do mato – onde só é possível passar a cavalo ou de motocicleta – a prefeitura do município da Baixada Litorânea não demonstra qualquer interesse em realizar o serviço, ficando o mesmo todo a cargo da proprietária da reserva.
Recentemente, uma propriedade vizinha à reserva foi adquirida por um cidadão originário de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, que comprou o imóvel para lazer e veraneio. Lúcia procurou então a ajuda do vizinho, de nome Sinésio, para a manutenção da estrada, mas segundo ela, o seu pedido vem sendo veementemente ignorado pelo mesmo. Além disso, segundo informações de Lúcia, o mesmo vem praticando indiscriminadamente caça a animais silvestres da região, confrontando a legislação ambiental existente e o fato de ele estar ao lado de uma reserva ambiental, onde são recebidos visitantes, estudantes universitários, cientistas e pesquisadores de todo o Brasil e do exterior.
A ambientalista informou ainda que já tentou por várias vezes entrar em contato pessoal com Sinésio, mas este se nega a parar o carro quanto passa por ela na estrada. A solução encontrada então foi escrever diversas cartas para ele, mas como não dispõe de seu endereço postal em São Pedro da Aldeia, tem deixado a correspondência em bares e outros locais onde ele costuma freqüentar. Entretanto, na prática, esta iniciativa tem surtido efeito contrário, uma vez que o indivíduo já chegou a proibir pessoas contratadas por Lúcia, de fazer manutenção na estrada perto de suas terras.
Finalizando, Lúcia disse que tem despendido muito tempo e dinheiro do próprio bolso com a manutenção constante da estrada, comprando e transportando materiais como saibro, pedras e cimento, além de pagar operários e aluguel de máquinas para a realização do serviço. Ela disse que já pensou até em ingressar com uma ação no Ministério Público contra o vizinho, sendo informada que deveria ir até Macaé – jurisdição da propriedade ou São Pedro da Aldeia – onde reside o vizinho. Mas o deslocamento lhe acarretaria ainda mais despesas, além do tempo que seria gasto, com idas e vindas ao fórum destes municípios.

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