sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Tribuna do Leitor - Onde o leitor e o internauta têm vez e voz!

A revolta de uma mãe

“O título acima foi escolhido por minha mãe, Helena Gonçalves Neves Cariello, bom-jardinense de 84 anos. Ela também é mãe de Bernadette, Ivan, Auxiliadora, Regina, Luiz Augusto e Marconi, todos Neves Cariello e frutos de sua união com Eurybio Cariello, além de avó de vinte netos e bisavó de vinte bisnetos.
Pois bem, ou pois mal. Estávamos Ivan, Regina e eu calmamente conversando na varanda da casa de nossa mãe em Bom Jardim na tarde de sábado, dia 17 de dezembro, quando ele e sua companheira Gilcéa Reis despediram-se para voltar a Nova Friburgo, onde residiam. Já era final de tarde, e o tempo chuvoso e a precariedade da estrada desaconselhavam a viagem à noite. Não adiantou. Poucos minutos depois, ambos estavam mortos, afogados dentro do próprio carro, que caíra no rio Grande, alguns metros após São Miguel e pouco antes da ponte que está sendo construída há quase um ano no lugar da que foi levada pela enchente de janeiro. Indo ao local do suposto acidente, não há como discordar do amargo título sugerido por mamãe: é uma vergonha, é um escândalo, é um crime o que os (ir)responsáveis pelas obras de correção dos estragos da tragédia de janeiro (não) estão fazendo! Qualquer um que passe pelas margens do rio Grande, no trecho onde o fato ocorreu, deve até estranhar a demora para acontecer alguma coisa mais séria, como a que infelizmente acabou por vitimar meu irmão e deixar chocados cinco órfãos e inconsoláveis seus queridos netos. Quase um ano depois da traumática enchente, praticamente todo o trecho entre São Miguel e a ponte em construção, calçado com paralelepípedos, está desmoronando a olhos vistos. E o que fazem os (ir)responsáveis? Após, e só após o suposto acidente, colocam umas discretíssimas tiras plásticas de alerta, sustentadas por fragilíssimas estacas de madeira, tentando delimitar a perigosa área a ser evitada pelos motoristas... Além de tardia, a providência torna-se inócua à noite, especialmente nesta época de chuvas, pois não há qualquer sinalização luminosa adequada para ajudar o motorista a enxergar o frágil obstáculo e, consequentemente, evitar o precipício que a falta dos paralelepípedos criou e que se expande à medida que o rio enche. Aliás, é de se prever que, no ritmo atual, o desmoronamento acabará por levar, dentro de pouco tempo, as próprias estacas com tiras plásticas e tudo, avançando pela Avenida Eno Feliciano Pinto adentro enquanto medidas mais sérias de contenção não forem tomadas.
Consumada a tragédia maior, deu-se início à segunda, que foi a impossibilidade de manter comunicação por telefone com eficiência, direito de qualquer cidadão em dia com suas obrigações, especialmente em momentos de aflição e desespero. Dada a urgência e a gravidade do assunto, tentamos nos comunicar com muitas pessoas na noite de sábado e na manhã de domingo, e qual não foi meu espanto ao verificar o péssimo serviço de telefonia prestado na região. As ligações só se completavam, e quando se completavam, após inúmeras tentativas e irritantes gravações que não conseguiam disfarçar a incapacidade de as operadoras (tanto da telefonia fixa quanto da móvel) prestarem um serviço decente aos cidadãos.
Bom-jardinense residente em Brasília há dez anos, e desde sempre assíduo eleitor em nosso município, onde jamais deixei de cumprir com meu dever de cidadão, venho aqui regularmente visitar minha mãe, outros familiares e amigos, pois a distância me faz sentir muita falta de todos eles. Neste momento de luto e dor, acho que tenho o direito, se não o dever, de não me calar. Não é possível continuarmos a pagar religiosamente um pedágio nada barato e transitarmos, como dóceis carneirinhos a caminho do matadouro, por caminhos tão perigosos e descuidados que chegam ao cúmulo de causar mortes por desleixo de quem deveria cumprir com suas obrigações. Aliás, e a propósito, outra tragédia anunciada é a que está para acontecer nas proximidades do próprio posto de cobrança do pedágio, nas Furnas do Catete, tanto no sentido Bom Jardim quanto no sentido Nova Friburgo. Ali, o asfalto cede e se desmancha lentamente sob nossos pés, e o que vemos de concreto são quase sempre as constantes interrupções do trânsito para permitir a passagem de um veículo de cada vez, dado o estreitamento cada vez maior da pista disponível para o fluxo dos veículos. Isso sem falar no precário estado da rodovia em que se transformou a antiga linha férrea, ora usada como alternativa para evitar o desvio por São Miguel, via essa que desemboca na Barra de Santa Teresa e apresenta vários precipícios à beira do rio, à espreita de novas vítimas. Como chamar de “acidente” aquilo que aconteceu com Ivan e Gilcéa e pode acontecer a muitos outros a qualquer momento, se os evidentes sinais da possibilidade de novas tragédias saltam aos olhos de qualquer leigo? Não seria melhor nominá-lo de “armadilha”, à espera do primeiro incauto, ou até mesmo chamá-lo de “homicídio previsível”? Por outro lado, também não é possível continuarmos a pagar religiosamente contas telefônicas caríssimas e receber em troca, calados, um serviço de péssima qualidade.
Registre-se, por justo e merecido, o agradecimento da família aos anônimos que tentaram salvar a vida de meu irmão e de minha cunhada. Soubemos de homens heróicos que, do outro lado do rio, testemunharam horrorizados a queda do veículo, e, impossibilitados de cruzá-lo em frente ao local do acidente, ou melhor, da armadilha, retornaram até a ponte inacabada, ultrapassaram-na às carreiras, correram até o local onde o veículo afundava e mergulharam nas águas revoltas, mas o mal estava feito e era irreversível. Na impossibilidade de nominá-los sem o risco de cometer injustiça por omissão, muito obrigado a todos.
Se algum acréscimo coubesse ao justíssimo e doloridíssimo título sugerido por uma mãe revoltada, encurvada pela idade e pelo luto, que acaba de perder um filho querido, eu diria: indignemo-nos!”.
Leandro Neves Cariello
(por e-mail: leandro.cariello@gmail.com)
22 de dezembro de 2011


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MENSAGEM DE FINAL DE ANO

Amigo Luiz Antonio Dias e amigos de Bom Jardim. Às vésperas de um Novo Ano, repasso uma mensagem recebida da cunhada Fernanda (esposa do Irmão Rodrigo), enviando presentes simples e simbólicos:
- Uma BORRACHA, para apagar tudo que te fez triste durante o ano que se encerra;
- Um SABONETE, para retirar marcas ruins do dia-a-dia;
- Uma TESOURA, para cortar tudo o que te impede de crescer;
- Um FRASCO, para conservar os seus sorrisos;
- Um COFRE, para guardar lembranças construtivas e edificantes;
- Um RELÓGIO, para lhe mostrar que não tem hora para ser feliz; e, por último,
  - Um ESPELHO, para admirar a obra mais perfeita de DEUS: Você!
Feliz 2012 para todos!!

Derly Mauro & família

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