segunda-feira, 21 de março de 2011

OS PREFEITOS DE BOM JARDIM e SUAS OBRAS (3º da série)

Adelque Figueira Rodrigues (mandato: 1971/1972)

Erthal Rocha (*) - O sucessor de Benedicto Coube de Carvalho em sua primeira gestão na Prefeitura de Bom Jardim foi o advogado e vereador Adelque Figueira Rodrigues (foto) que assumiu em janeiro de 1971, tendo como vice o vereador Henrique Rocha. Sua eleição foi tranqüila na qualidade de candidato único pela ARENA, uma vez que o MDB não concorreu, pois estava praticamente extinto em Bom Jardim, com a adesão da maioria de seus membros ao partido do governo. Com a alteração da lei eleitoral promovida pelo regime militar, o mandato foi de apenas dois anos. O pleito foi presidido pelo juiz Mathatias Bussinger. Adelque teve 2.599 votos. Os vereadores eleitos foram: José Alberto Erthal, o mais votados com 503 votos, Samuel Souza (299), Osmar Pimentel (257), Orlando Dias de Oliveira (229), Joaquim Gomes dos Santos (223), Roque Rodrigues Erthal (207), Cleber Folly (185), Caetano Rui Cariello (184), Thiago Emerick (182), Nylson Erthal (158), Francisco Irineu Araújo e Leandro Neves Cariello, ambos com 147. Os candidatos a deputado federal mais votados foram José Carlos Erthal Bittencourt, José Sally, Luiz Brás e Dail de Almeida e para a Assembléia Legislativa Alberto Torres, Saramago Pinheiro e Mário Thurler, pela ARENA.

Casado com a professora e artista plástica Maria Eugênia Erthal Thomaz, ela foi eficiente e dedicada colaboradora de sua curta administração, cuidando dos projetos educacionais, culturais e sociais.

O ponto alto da gestão de Adelque foi a solução do angustiante problema decorrente da crise no fornecimento de energia elétrica com que Bom Jardim vinha se debatendo desde a administração Walter Vendas Rodrigues e o primeiro mandato de Benedicto. O problema foi resolvido com a encampação da antiga usina elétrica pelo Estado, através das Centrais Elétricas Fluminenses. O impasse foi solucionado graças aos esforços do prefeito Adelque e ao espírito generoso e colaborador de Júlia de Sá Rocha (Dona Julica), herdeira da antiga concessionária que prestava serviços desde a inauguração em 1917 e muito contribuiu para o progresso de nossa terra e para o conforto de sua população. Dona Julica declarou que se sentia feliz pela entrega da empresa ao Estado, após o cumprimento de sua finalidade, há mais de meio século, inclusive fornecendo gratuitamente energia elétrica às escolas públicas. – “É motivo de orgulho para mim –declarou ao participar deste ato tão importante, honrando assim as tradições de servir à coletividade que caracterizaram dois grandes benfeitores de Bom Jardim: Luiz Corrêa e Péricles Corrêa da Rocha”. A escritura pública de encampação foi lavrada em Niterói e assinada pelo representante da CELF e pelo Procurador de Dona Julica, o querido Manoel de Paula Pinto (Duca), com a assistência do prefeito Adelque Figueira Rodrigues, do engenheiro Frederico Darrigue de Faro e deste articulista. Iniciou-se assim nova era de desenvolvimento em nossa terra. Resolvida a falta de energia elétrica, a cidade foi logo dotada de esplêndidas luminárias a vapor de mercúrio nas ruas principais, dando-lhe novo visual.

Na gestão de Adelque foi criado o Conselho Municipal de Cultura, tendo como primeiro presidente o jurista e historiador bom-jardinense Élio Monnerat Solon de Pontes. O Conselho realizou, com êxito, o 1º Encontro de Folias de Reis e promoveu dois Festivais da Canção, com a presença de compositores e diretores de gravadoras. No setor educacional, criou o MOBRAL, regulamentando o Movimento Nacional de Alfabetização, de iniciativa do governo federal. Designou para presidente executivo o Professor Clirton Rêgo Cabral e Maria Eugênia como secretária. O servidor público Alberto Moretti ficou na presidência do Conselho Municipal. Ao criá-lo declarou o prefeito que o movimento de alfabetização seria, (como realmente foi) de grande utilidade, principalmente na zona rural, onde era elevado o número de analfabetos.

Preocupado com a educação dos jovens, construiu, com recursos da Prefeitura, quatro escolas e recuperou outras que estavam em estado precário. Em convênio com a Secretaria de Educação, foram edificadas as Escolas Fortunato Ecard na zona rural de Barra Alegre; Açucena e Professor Manoel Vieira Baptista na zona rural de São José do Ribeirão; a da Barra de Santa Tereza em Banquete e Boa Vista na zona rural do 1º distrito.

Lutou pela geração de empregos, incentivando a implantação da indústria de papel e papelão no prédio da antiga Fábrica Busi, em São Miguel. Foi decisivo o seu apoio para a fundação e construção da sede do Bom Jardim Maravilha Clube, infelizmente danificado pela tragédia das chuvas de janeiro que assolou Bom Jardim. Em terreno, doado pela Municipalidade, foi construída a atual sede da EMATER, ao lado do Cemitério, vital para a assistência ao agro-negócio. Não faltou a Prefeitura no apoio das festividades carnavalescas, ornamentando as ruas e iluminando-as feericamente, o mesmo ocorrendo nas festas do Natal.

Em sua gestão, a Prefeitura possuía apenas uma máquina Patrol antiga, adquirida pelo prefeito Walter Vendas Rodrigues e quatro caminhões usados, doados pelo Estado, que foram reformados na garagem municipal para que pudessem ser utilizadas nas obras. Para transporte de material e merenda escolar havia apenas duas camionetes antigas, que inclusive removiam doentes necessitados para a Santa Casa, atual Hospital Dr. Celso Erthal e, eventualmente para Nova Friburgo.

Requereu e deixou locada pelo DER/RJ a estrada do contorno, que mais tarde, na gestão do Prefeito Mário Nicoliello, (que focalizarei posteriormente) possibilitou o desvio do tráfego pesado do centro da cidade. Conseguiu, ainda, ser liberado pela Rede Ferroviária Federal o leito da antiga Estrada de Ferro Leopoldina para seu aproveitamento como estrada vicinal entre a sede de Bom Jardim e o distrito de Banquete. Esta estrada tornou-se, na atualidade ótima opção para entrada ou saída para a sede do município, após a catástrofe causada pelas chuvas de janeiro, que isolou a sede, causando incalculáveis prejuízos materiais e vitimando fatalmente centenas de pessoas na região.

=== (Continuarei focalizando a administração de Adelque, para, em seguida, falar da 2ª gestão do prefeito Benedicto, que lhe sucedeu).

(*) Célio Erthal Rocha é jornalista, advogado, membro do IHG/BJ e articulista do JORNAL MAIS BJ. E-mail: erthalrocha@terra.com.br.

Nenhum comentário: