quarta-feira, 13 de junho de 2012

Livro que conta histórias do cotidiano das áreas rurais de Bom Jardim pode ser baixado gratuitamente pela internet


No formato digital, usando a tecnologia Pageflip, também é possível visualizar na tela do computador, todas as páginas da publicação, intitulada “Agricultores do Estado do Rio de Janeiro”.

O Instituto de Imagem e Cidadania/Sobrado Cultural Rural, um ponto de cultura rural, localizado no vilarejo de Santo Antônio, realiza diversas ações no município de Bom Jardim, com a intenção de contribuir com a preservação do patrimônio cultural das áreas rurais e a valorização dos saberes e fazeres da população que vive no campo.  Normalmente, o espaço rural está associado ao desenvolvimento de atividades agropecuárias e a um estilo de vida peculiar e simples. Caracterizado pela densidade populacional relativamente baixa, por usos econômicos peculiares, um modo de vida marcado pelas relações sociais, por representações específicas da cultura rural e pelas atividades agrícolas.  Ao longo dos últimos anos, o meio rural vem ganhando novas funções e novos tipos de ocupações, tornando-se lugar para o lazer, descanso e para a realização de práticas turísticas. 
No Estado do Rio de Janeiro percebe-se um intenso processo de urbanização, com destaque para as atividades associadas ao turismo, principalmente nas cidades adjacentes a região metropolitana, mas nas áreas mais distantes, os moradores de áreas rurais continuam enfrentando problemas para a realização de suas atividades agrícolas e não agrícolas e muitas vezes são obrigados a sair do campo, não por uma opção de vida, mas pela necessidade de gerar seu sustento.  Ao longo da história o que se percebe é o aumento do êxodo rural para as cidades em busca de uma qualidade de vida melhor, onde o acesso e a proximidade dos serviços são indicadores de garantia de direitos. 
Desta forma, além do investimento nas cadeias produtivas das atividades agrícolas e não agrícolas, se faz necessário valorizar os modos de vida e os saberes das pessoas que vivem no campo.  Nestas localidades encontramos várias pessoas que trazem consigo conhecimentos adquiridos através da oralidade, ou seja, que aprenderam com seus pais, que haviam aprendido com seus avôs e assim sucessivamente.  E são muitos esses conhecimentos: feitura da broa feita com fubá do moinho d´água; produção de remédios caseiros, feitos com as ervas encontradas na floresta; produção de sabão feito com gordura de porco; feitura dos doces em compota, com frutas retiradas do próprio pomar; confecção das quissambas, cestas produzidas com uma espécie de bambu; entre outros.  Sem deixar de ressaltar as manifestações culturais que resistem no tempo, como as folias de reis, o mineiro pau e o boi pintadinho. 
Esses conhecimentos precisam ser disseminados e valorizados, pois os processos de produção estão cada vez mais automatizados, acarretando o desaparecimento das formas tradicionais e caseiras de produção.  Os mais antigos, por exemplo, dizem que a broa é boa, somente quando o fubá vem dos moinhos d´água, pois o atrito do milho com a moenda é quem dá o melhor gosto para o fubá, mas apesar disto, o que se percebe é o desaparecimento destas engenhocas, pela facilidade que temos em comprá-los nos supermercados.  
O Livro “Agricultores do Estado do Rio de Janeiro”, organizado pelos pesquisadores Claudio Paolino e Marjorie Botelho, em parceria com o Instituto Estadual de Patrimônio Cultura (INEPAC), orgão vinculado a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, conta histórias do cotidiano das áreas rurais de Bom Jardim, dos modos de vida, suas tradições, das alternativas estabelecidas para geração de renda, da produção caseira de produtos alimentícios, de produtos naturais, ou seja, apresenta tecnologias sociais sendo desenvolvidas de forma artesanal e diversas formas de geração de renda através de estratégias sustentáveis. 
O livro é um desdobramento dos registros e entrevistas realizado ao longo dos anos com moradores de áreas rurais que cedem depoimentos contando como era o tempo antigo e como é viver no campo.  As entrevistas normalmente envolvem os donos da casa, vizinhos, parentes, entre outros e tem sido um momento de compartilhamento desta gente do campo que quer também ser ouvida, que tem também o que falar e que apesar de estarem antenados com as mudanças do mundo, querem preservar formas tradicionais para sobreviver. 
Este primeiro volume compartilha a história de vida de cinco famílias, a saber: Otília Lucia Debossan Lima e José de Lima; Jordelina Freire Hotiz e Amado Grimaldo Hotiz (in memorian); Maria Rosangela de Oliveira Santos e Manoel Ataíde Sanchez; Maria Dilma Sanches Emerich e Hazenclever Emerich Tardin; Maria Lucimar Pereira Dias do Amaral e Antonio Everaldo do Amaral.  Além dos artigos Presença Suíça e Alemã na Região Serrana Fluminense do professor Jorge Miguel Mayer e De agricultor a “jardineiro da natureza” de Maria José Carneiro.
Neste sentido esta publicação contribui para a valorização cultural das tradições locais de Bom Jardim, reconhecendo o importante papel que a opção por esse modo de vida possibilita ao conjunto da sociedade, pois os agricultores familiares estão marcados pelas tradições, por hábitos e costume que se perpetuam, por uma relação de pertencimento com a terra e com a comunidade. O impacto deste reconhecimento altera a vida dos agricultores que se veem mais reconhecido pela sociedade e também de quem os reconhece, pois aprende o quão a dimensão da vida pode ser ressignificada com o convívio com uma vida mais sustentável.
O livro digital tem sido distribuído para escolas públicas da região através de atividades de exibição e debate como a ocorrida recentemente com a Escola Municipalizada Vieira Batista e a Escola Municipal de São Pedro da Serra e pode ser adquirido gratuitamente no http://issuu.com/sobradocultural/docs/www.imagemcidadania.blogspot.com (Marjorie Botelho e Claudio Paolino).

Marjorie Botelho
Coordenadora do Imagem e Cidadania/Sobrado Cultural Rural
Conselheira Nacional de Juventude (entidade de apoio cultura)
Ponto de Cultura Memória Visual
Pontão de Cultura Agente Escola Viva
22-9922-7974
22-9881-1322
Skype marjoriebotelh

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