segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Jornal Extra: Tragédia na Região Serrana teve mais mortos que o divulgado


Foto-reprodução do Jornal Extra

Sob o título “Verdade Soterrada”, matéria do diário carioca EXTRA e vídeo na internet relembraram a tragédia de janeiro do ano passado, trazendo novas e preocupantes informações, ao afirmar que o número de mortos é muito maior que o divulgado oficialmente pelas autoridades. De autoria das jornalistas Aline Custódio e Talita Corrêa, a matéria, publicada no último dia 5 deste mês, quase 18 meses após a catástrofe, causou grande repercussão nos sete municípios atingidos por aquela que foi a maior tragédia em número de mortos no país e se situou entre as dez maiores do mundo. O vídeo ainda pode ser conferido no site do Extra na internet, através do link http://extra.globo.com/noticias/rio/tragedia-regiao-serrana-2011/video-documentario-mostra-que-pouca-coisa-mudou-na-regiao-serrana-apos-tragedia-de-2011-5693201.html. 
A matéria, na verdade uma extensa reportagem, fez esgotar os exemplares em muitas bancas da Região Serrana fluminense. Pela manhã e até o final da tarde era possível ver pessoas pelas ruas, bancos das praças, bares e shoppings, lendo e comentando o que muitos já desconfiavam: que a chuva de janeiro de 2011 na Região Serrana do Rio não havia provocado apenas 905 mortes, conforme foi divulgado pelas autoridades nos boletins oficiais reproduzidos na época, pela imprensa de todo o mundo. Oficialmente, há ainda 191 desaparecidos. Mas, após cinco meses de apuração, o jornal carioca provou com documentos que é muito mais elevado o número de vítimas da tragédia. 
Moradores leigos ou especialistas concordam num ponto, os números oficiais das chuvas na Serra não batem. Ambos recorrem a dados geográficos e populacionais das localidades atingidas e se debruçam sobre o cenário de holocausto da região. Para eles o evento impressiona pelo grau de perdas documentadas e não documentadas. “Apenas por observação de campo, é possível saber que se perderam muito mais pessoas do que o noticiado”, garante Ana Luiza Coelho, coordenadora do Laboratório de Geo-Hidroecologia da UFRJ, que há 40 anos se dedica a estudos de encostas no Brasil. 
Para se ter uma idéia, em Campo Grande, distrito de Teresópolis, de acordo com o IBGE, moravam 1.256 pessoas, distribuídas em cerca de 350 casas. Mas, depois da tragédia, somente 64 moradias ficaram de pé. O resto foi esmagado por toneladas de pedras e lama, que deslizaram dos morros ao redor. “Não pode ter tido apenas 142 mortos aqui”, afirma Altanir de Souza Rocha, funcionário da Defesa Civil de Teresópolis, que trabalhou na tragédia. Moradores da Região Serrana, protagonistas do desastre, são unânimes ao duvidar das listas divulgadas na época. Segundo eles “morto não faz cadastro e famílias inteiras que morreram não vão ser contadas nunca”. 
Outro número que sustenta esta suspeita vem das concessionárias de energia elétrica. André Moragas, diretor de comunicação da Ampla, que atende Teresópolis, Petrópolis e Sumidouro,  disse que 8.844 medidores de energia desapareceram na noite de 12 de janeiro de 2011 e os clientes jamais voltaram a contatar a empresa. Em Nova Friburgo, o diretor da Energisa, Marcelo Vinhaes Monteiro, também confirma o desaparecimento de clientes. Foram 887 unidades consumidoras que deixaram de existir, cujos clientes não voltaram mais. Outras duas mil foram desligadas por solicitação do próprio cliente ou por estarem interditadas pela Defesa Civil. Para Moacyr Duarte, especialista em gerenciamento de riscos, planejamento e catástrofes, o evento na serra se assemelhou a um terremoto de grande magnitude ou a uma tsunami, pois bairros inteiros foram varridos do mapa por uma grande quantidade de água que também removeu os corpos de lugar. 

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