domingo, 2 de dezembro de 2012

Veto de Dilma à redistribuição dos royalties garante R$ 200 milhões à Região Serrana


Bom Jardim, Nova Friburgo e Duas Barras estão entre os municípios que devem continuar a receber o benefício.

A pressão dos estados produtores de petróleo contra o projeto de redistribuição dos royalties da Petrobras entre todas as unidades da federação parece ter funcionado e a presidente Dilma Rousseff acabou vetando o mesmo, que já havia sido aprovado no Congresso Nacional. Anunciado no último dia 30 de novembro, o veto, caso seja mantido, irá garantir R$ 200 milhões, anualmente, até 2017, para serem repartidos entre sete municípios da Região Serrana fluminense: Bom Jardim, Nova Friburgo, Duas Barras, Sumidouro, Teresópolis, Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto, beneficiando e uma população de mais de 700 mil habitantes. À exceção de Duas Barras, os demais municípios, atingidos violentamente pela catástrofe climática de janeiro de 2011, que dizimou centenas de vítimas e causou incontáveis prejuízos materiais, não poderiam prescindir da parcela que lhes cabe dos royalties.
O movimento a favor da manutenção do atual sistema de distribuição cresceu e ganhou força com as proximidades da votação do projeto de lei que visava beneficiar de maneira igualitária, todos os estados. No último dia 26 de novembro, uma manifestação no centro do Rio de Janeiro reuniu centenas de pessoas, incluindo caravanas de diversos municípios fluminenses, entre eles os da Região Serrana, em apelo do estado pelo veto da presidente Dilma Rousseff.
Analistas econômicos dizem que o Estado do Rio poderia perder R$ 77 bilhões até 2020, além da retração dos investimentos públicos e particulares, gerando um impacto direto no orçamento dos 87 municípios fluminenses beneficiados com os royalties, com consequente redução na capacidade de gerar emprego e renda. Já analistas políticos disseram que não era justo, de uma hora para outra, as cidades fluminenses terem que rever seus orçamentos e diminuir sua capacidade de investimento, sem existir nenhum tipo de compensação.

Dilma queria aprovar projeto sobre royalties, mas temia reação do STF, dizem os analistas

                A presidente Dilma era a favor da aprovação do projeto, mas temia reação contrária no Supremo Tribunal Federal, o STF. Isso porque, apesar de não haver nenhum contrato formal entre Estados e petroleiras, definindo quanto cada um recebe e ainda que, em tese, a lei possa ser alterada, a equipe jurídica da presidente entendeu que Rio e Espírito Santo têm "direitos adquiridos" em relação a essa repartição de recursos. Bastaria os Estados produtores recorrerem ao STF que a vitória, na avaliação do Planalto, seria líquida e certa por conta do tal "direito adquirido".
Daí, a equipe de Dilma disse não ter cedido às pressões do governador Sérgio Cabral, mas tomado o caminho juridicamente correto, evitando questionamentos no STF. O maior receio do governo era o risco de judicialização do processo, que aconteceria se Dilma não vetasse o artigo. Essa judicialização poderia prejudicar os planos da presidente de retomar os leilões de blocos de exploração de petróleo no país. Tudo o que o governo não deseja num momento em que a economia patina e precisa de estímulos para deslanchar.
O risco agora é o Congresso derrubar seu veto. Número para isso os governadores têm. Dilma, contudo, espera convencer seus aliados do contrário, sob o argumento de que mexer no passado é ilegal e que o melhor é mirar no futuro.

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