(*) Erthal Rocha
Acabo de receber “Estórias Coladas”, livro de cunho histórico e de genealogia de Marta de Faro Novis. Sempre me interessei por obras desse gênero. Conheci a autora como eficiente defensora pública. Descobri agora nova faceta de seu talento, a de historiadora. Relata a saga de diversas famílias e seus empreendimentos que contribuíram para alavancar o progresso do país. Marta revela-se primorosa memorialista. Cita fatos e acontecimentos marcantes não só de Bom Jardim, do Estado e alguns do país. São fatos notáveis, ao lado de outros menos agradáveis, contados em linguagem direta, sem rodeio e escorreita.
O prefácio do médico Sérgio Novis, marido da autora, é uma página de amor especial à sua companheira-historiadora e às famílias retratadas.
Entre as famílias biografadas, desejo focalizar apenas duas: a Corrêa da Rocha, centradas no Coronel Luiz Corrêa da Rocha e seu filho Péricles Corrêa da Rocha (foto) e a Darrigue de Faro, centrada
Marta faz uma análise da personalidade marcante, porém centralizadora e autoritária do Coronel Luiz Corrêa e do espírito empreendedor de Péricles Corrêa da Rocha. Bom Jardim muito lhes deve pelo o progresso que lhe trouxe. Entre outros empreendimentos, está a instalação de energia elétrica no município, em l917, até sua transferência para o Estado em l971, após mais de meio século, servindo à população, quando se esgotara sua capacidade em relação à demanda. Ao Dr. Péricles se deve outro notável empreendimento para Bom Jardim, a instalação, em l950, da Fábrica Busi, no Bairro de São Miguel. Foi iniciada com 500 trabalhadores, tendo sido a nossa primeira indústria de vulto. Na época, Bom Jardim estava carente de empregos, empobrecido pela crise do café. A Busi exportava seus produtos, principalmente os famosos caramelos para diversos países, gerando tributos para o Município e para o Estado e divisas para o país, em época de crise após a 2ª Guerra Mundial, desentendendo-se com o sócio, decidiu vender a fábrica para Dulcora, que a transferiu de Bom Jardim.
Em 1912, Dr. Péricles, com inegável pioneirismo, trouxe o primeiro automóvel para o interior do Estado, circulando apenas na sede de Bom Jardim, já que não havia estradas adequadas para transporte rodoviário. Ao ver o carro andando, algumas pessoas achavam que era “assombração”, assinala Marta em sua obra.
Em 1922, Luiz Corrêa, a instância de Dr. Péricles (sempre um apaixonado por automobilismo) fundou a primeira agência de automóveis
Péricles Corrêa da Rocha foi o primeiro Prefeito eleito de Bom Jardim, em l922, com operosa administração. Voltou a ocupar o cargo por eleição, sendo destituído do poder pela Revolução de 1930. Teve assento na Assembléia Legislativa, com atuação destacada, por dois mandatos. Foi um bom-jardinense que amou profundamente sua terra natal, tornando-se seu benfeitor. Sempre pronto a colaborar com os poderes públicos e ajudar obras de benemerência social. Homem de marcante personalidade e empreendedor, porém determinado e um tanto autoritário, atributo herdado de seu pai, Dr. Péricles granjeou merecido conceito
Releva notar, ainda, a construção do Engenho Central de Laranjeiras, em Itaocara, município do qual também foi prefeito. Era uma fazenda modelo para o país na produção de açúcar e de álcool, com organização modelar, dotada de estrada de ferro particular, com locomotiva própria e 50 gôndolas, com
(*) Célio ERTHAL ROCHA – erthalrocha@terra.com.br- é jornalista, advogado, membro do IHG-BJ e articulista do Jornal MAIS BJ+NF.
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