Adelque Figueira Rodrigues (mandato: 1971/1972)
Erthal Rocha (*) - O sucessor de Benedicto Coube de Carvalho em sua primeira gestão na Prefeitura de Bom Jardim foi o advogado e vereador Adelque Figueira Rodrigues (foto) que assumiu em janeiro de 1971, tendo como vice o vereador Henrique Rocha. Sua eleição foi tranqüila na qualidade de candidato único pela ARENA, uma vez que o MDB não concorreu, pois estava praticamente extinto
Casado com a professora e artista plástica Maria Eugênia Erthal Thomaz, ela foi eficiente e dedicada colaboradora de sua curta administração, cuidando dos projetos educacionais, culturais e sociais.
O ponto alto da gestão de Adelque foi a solução do angustiante problema decorrente da crise no fornecimento de energia elétrica com que Bom Jardim vinha se debatendo desde a administração Walter Vendas Rodrigues e o primeiro mandato de Benedicto. O problema foi resolvido com a encampação da antiga usina elétrica pelo Estado, através das Centrais Elétricas Fluminenses. O impasse foi solucionado graças aos esforços do prefeito Adelque e ao espírito generoso e colaborador de Júlia de Sá Rocha (Dona Julica), herdeira da antiga concessionária que prestava serviços desde a inauguração em 1917 e muito contribuiu para o progresso de nossa terra e para o conforto de sua população. Dona Julica declarou que se sentia feliz pela entrega da empresa ao Estado, após o cumprimento de sua finalidade, há mais de meio século, inclusive fornecendo gratuitamente energia elétrica às escolas públicas. – “É motivo de orgulho para mim –declarou ao participar deste ato tão importante, honrando assim as tradições de servir à coletividade que caracterizaram dois grandes benfeitores de Bom Jardim: Luiz Corrêa e Péricles Corrêa da Rocha”. A escritura pública de encampação foi lavrada em Niterói e assinada pelo representante da CELF e pelo Procurador de Dona Julica, o querido Manoel de Paula Pinto (Duca), com a assistência do prefeito Adelque Figueira Rodrigues, do engenheiro Frederico Darrigue de Faro e deste articulista. Iniciou-se assim nova era de desenvolvimento em nossa terra. Resolvida a falta de energia elétrica, a cidade foi logo dotada de esplêndidas luminárias a vapor de mercúrio nas ruas principais, dando-lhe novo visual.
Na gestão de Adelque foi criado o Conselho Municipal de Cultura, tendo como primeiro presidente o jurista e historiador bom-jardinense Élio Monnerat Solon de Pontes. O Conselho realizou, com êxito, o 1º Encontro de Folias de Reis e promoveu dois Festivais da Canção, com a presença de compositores e diretores de gravadoras. No setor educacional, criou o MOBRAL, regulamentando o Movimento Nacional de Alfabetização, de iniciativa do governo federal. Designou para presidente executivo o Professor Clirton Rêgo Cabral e Maria Eugênia como secretária. O servidor público Alberto Moretti ficou na presidência do Conselho Municipal. Ao criá-lo declarou o prefeito que o movimento de alfabetização seria, (como realmente foi) de grande utilidade, principalmente na zona rural, onde era elevado o número de analfabetos.
Preocupado com a educação dos jovens, construiu, com recursos da Prefeitura, quatro escolas e recuperou outras que estavam em estado precário. Em convênio com a Secretaria de Educação, foram edificadas as Escolas Fortunato Ecard na zona rural de Barra Alegre; Açucena e Professor Manoel Vieira Baptista na zona rural de São José do Ribeirão; a da Barra de Santa Tereza em Banquete e Boa Vista na zona rural do 1º distrito.
Lutou pela geração de empregos, incentivando a implantação da indústria de papel e papelão no prédio da antiga Fábrica Busi,
Em sua gestão, a Prefeitura possuía apenas uma máquina Patrol antiga, adquirida pelo prefeito Walter Vendas Rodrigues e quatro caminhões usados, doados pelo Estado, que foram reformados na garagem municipal para que pudessem ser utilizadas nas obras. Para transporte de material e merenda escolar havia apenas duas camionetes antigas, que inclusive removiam doentes necessitados para a Santa Casa, atual Hospital Dr. Celso Erthal e, eventualmente para Nova Friburgo.
Requereu e deixou locada pelo DER/RJ a estrada do contorno, que mais tarde, na gestão do Prefeito Mário Nicoliello, (que focalizarei posteriormente) possibilitou o desvio do tráfego pesado do centro da cidade. Conseguiu, ainda, ser liberado pela Rede Ferroviária Federal o leito da antiga Estrada de Ferro Leopoldina para seu aproveitamento como estrada vicinal entre a sede de Bom Jardim e o distrito de Banquete. Esta estrada tornou-se, na atualidade ótima opção para entrada ou saída para a sede do município, após a catástrofe causada pelas chuvas de janeiro, que isolou a sede, causando incalculáveis prejuízos materiais e vitimando fatalmente centenas de pessoas na região.
=== (Continuarei focalizando a administração de Adelque, para, em seguida, falar da 2ª gestão do prefeito Benedicto, que lhe sucedeu).
(*) Célio Erthal Rocha é jornalista, advogado, membro do IHG/BJ e articulista do JORNAL MAIS BJ. E-mail: erthalrocha@terra.com.br.
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