Em
23 de setembro, no teatro municipal do Galpão Cultural Margaret de Jesus Silva,
músicos e cantores bom-jardinense realizaram mais uma bela homenagem ao filho
ilustre de Bom Jardim, o compositor Marino Pinto. O espetáculo, cuja promoção
foi da secretaria municipal de Cultura, teve início às 20h e contou com um
número expressivo de expectadores, incluindo o prefeito Paulo Barros, a
primeira dama, Maria Lydia, o subsecretário de estado, Affonso Monnerat e
esposa, Denise, vereador Zé Nilton, além de secretários municipais.
Dentre
as canções interpretadas pelo Coral de Bom Jardim, pelas cantoras Orzânia
Gonçalves, Tayane Cristani, Anita Cabral e também pela garotada do projeto
Olodum do bairro Jardim Boa Esperança, estavam Estrela do mar, Cabelos Brancos,
Cidade do Interior, Que será?, Aos pés da cruz, Aula de matemática, Retrato do
velho, Os carecas, sendo todas elas acompanhadas pelo Trio BJ.
Além de belíssimas interpretações, o público presente teve
oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a vida de Marino Pinto através do
curta-metragem produzido pela cineasta Jane Abreu.
Biografia:
Marino Pinto (Marino do Espírito Santo Pinto)
18/7/1916 Bom Jardim, RJ 28/1/1965 Rio de Janeiro, RJ
Filho do violonista e cantor amador Diogo Feliciano Pinto e de Maria Madureira Pinto. Teve quatro irmãos. Começou a aprender a ler e escrever com sua tia Irene aos três anos de idade, e aos seis entrou para a Escola Pública de Bom Jardim, onde concluiu o curso primário. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1927, indo residir com seu tio materno, Luís Madureira Pinto. Em 1928, matriculou-se no Ginásio São Bento, no mesmo ano
Escreveu sua primeira composição "Ilka", aos 11 anos de idade, dedicada a uma namorada. Com 13 anos, passou a freqüentar aos domingos a Rádio Philips, tornando-se grande admirador de Sílvio Caldas. Em 1934 , foi aprovado no vestibular para Direito, não tendo concluído
o curso. Dedicou-se ao Jornalismo, trabalhando inicialmente no jornal "Avante", onde teve como secretário o letrista Jorge Faraj. Trabalhou, posteriormente, em "A pátria", "A nação", fundou "O mundo", "A nota", e trabalhou nas sucursais das "Folhas" da Manhã e da Noite de São Paulo.
Em 1943, abandonou o Jornalismo,
empregando-se no comércio, com um convite para ser gerente da Casa Waldeck.
Ali, teve como companheiros os então vendedores Haroldo Lobo e Milton de
Oliveira. Deixou o emprego em 1945, para dedicar-se, exclusivamente, à carreira
artística. Em 1946, fundou com um grupo de compositores a Sbacem, Sociedade Brasileira
de Autores, Compositores, e Escritores de Música.
Em 1951, devido a seu conhecimento com Getúlio Vargas, foi nomeado censor do Departamento Federal de Segurança Pública, cargo que manteve pelo resto de sua vida. Em 1957, foi presidente do conselho deliberativo da Sbacem, sendo eleito em 1959, conselheiro vitalício e um ano mais tarde, presidente da entidade, tendo sido reeleito em 1962 e 1964. Em 1959, casou-se com Zaíra Ferreira.
Em 1951, devido a seu conhecimento com Getúlio Vargas, foi nomeado censor do Departamento Federal de Segurança Pública, cargo que manteve pelo resto de sua vida. Em 1957, foi presidente do conselho deliberativo da Sbacem, sendo eleito em 1959, conselheiro vitalício e um ano mais tarde, presidente da entidade, tendo sido reeleito em 1962 e 1964. Em 1959, casou-se com Zaíra Ferreira.
Obra:
Iniciou sua carreira de compositor em
1938, a
princípio apenas como letrista. Nesse mesmo ano, sua composição "Fale
mal...mas fale de mim", em parceria com Ataulfo Alves, foi gravada com
sucesso por Aracy de Almeida. Ainda em 1939, firmou parceria com Wilson Batista
e a primeira composição da nova parceria gravada foi a marcha "Vale
mais", por Lolita França na Victor. Em 1940, seus sambas
"Positivamente não" e "Continua", receberam melodias de
Ataulfo Alves e foram gravados por Aracy de Almeida na Victor. Nesse ano,
também na Victor, Carlos Galhardo gravou o samba "Deus no céu e ela na
terra", com Wilson Batista, um dos grandes destaques dessa parceria. No
ano seguinte, seu samba "Preconceito", com Wilson Batista foi gravado
por Orlando Silva. Ainda em 1941, teve gravados os sambas "Aproveita
Beleléu", com Murilo Caldas e a marcha "Nós os carecas", com
Alberto Ribeiro e Arlindo Marques Jr. Grande sucesso do carnaval do ano
seguinte e que se tornou um clássico do repertório carnavalesco.
Em 1942, compôs um dos seus grandes sucessos, o samba "Aos pés da cruz", em parceria com Zé da Zilda. Último grande sucesso de Orlando Silva na Victor, o samba já era conhecido meses antes de sua gravação, quando o cantor o lançou em programas radiofônicos, numa excursão ao Norte e Nordeste. Nesse ano, Isaura Garcia gravou na Columbia o samba "Teleco-teco", com Murilo Caldas; Francisco Alves, na Odeon, a marcha "Ela partiu... (sabe moço?)", com Pedro Caetano; Carlos Galhardo na Victor o samba "Largo da Lapa", com Wilson Batista e Aracy de Almeida, também na Odeon, gravou com Regional Odeon o samba "50%", com Sílvio Caldas. Em 1943, fez com Antônio Almeida os sambas "Andorinha bateu asa" e "A mulher tá com a razão" gravados pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa. Nesse ano, Carlos Galhardo gravou o samba "Seis meses depois", com Valdemar Gomes e Roberto Paiva o samba "Por mais um pouco", com Haroldo Lobo. Em 1944, teve novo samba gravado pelos Quatro Ases e Um Coringa, "O samba não morre", com Arlindo Marques Jr. Também nesse ano, Aracy de Almeida gravou na Odeon o samba "Ele disse adeus", com Claudionor Cruz. Na Victor, Isaura Garcia gravou o choro "Amanhã tem baile", com Ciro de Souza; Carlos Galhardo o samba "Desacordo", com Valdemar Gomes; os Anjos do Inferno o samba "Quando eu gostava dela", com Arlindo Marques Jr. e Sílvio Caldas a marcha "Pif-paf", com Eratóstenes Frazão. Também nesse ano, a Continental lançou o samba "A morena que eu gosto", gravada por Déo em 1942 e um de seus grandes sucessos com Wilson Batista.
Em 1942, compôs um dos seus grandes sucessos, o samba "Aos pés da cruz", em parceria com Zé da Zilda. Último grande sucesso de Orlando Silva na Victor, o samba já era conhecido meses antes de sua gravação, quando o cantor o lançou em programas radiofônicos, numa excursão ao Norte e Nordeste. Nesse ano, Isaura Garcia gravou na Columbia o samba "Teleco-teco", com Murilo Caldas; Francisco Alves, na Odeon, a marcha "Ela partiu... (sabe moço?)", com Pedro Caetano; Carlos Galhardo na Victor o samba "Largo da Lapa", com Wilson Batista e Aracy de Almeida, também na Odeon, gravou com Regional Odeon o samba "50%", com Sílvio Caldas. Em 1943, fez com Antônio Almeida os sambas "Andorinha bateu asa" e "A mulher tá com a razão" gravados pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa. Nesse ano, Carlos Galhardo gravou o samba "Seis meses depois", com Valdemar Gomes e Roberto Paiva o samba "Por mais um pouco", com Haroldo Lobo. Em 1944, teve novo samba gravado pelos Quatro Ases e Um Coringa, "O samba não morre", com Arlindo Marques Jr. Também nesse ano, Aracy de Almeida gravou na Odeon o samba "Ele disse adeus", com Claudionor Cruz. Na Victor, Isaura Garcia gravou o choro "Amanhã tem baile", com Ciro de Souza; Carlos Galhardo o samba "Desacordo", com Valdemar Gomes; os Anjos do Inferno o samba "Quando eu gostava dela", com Arlindo Marques Jr. e Sílvio Caldas a marcha "Pif-paf", com Eratóstenes Frazão. Também nesse ano, a Continental lançou o samba "A morena que eu gosto", gravada por Déo em 1942 e um de seus grandes sucessos com Wilson Batista.
Em 1945,
teve gravados os sambas "Moleque vagabundo", com Antônio Almeida, por
Cyro Monteiro, "Que gostinho bom", com Mário Rossi e "Cuidado
com o andor", com Mário Lago, pelo grupo Anjos do Inferno, "A saudade
continua", por Isaura Garcia e "É sempre bom", por Nelson
Gonçalves, os dois últimos com com Valdemar Gomes. Em 1946, teve os sambas
"Eu, ele e você", com Luiz Bittencourt gravado por Orlando Silva
"Quem haveria de pensar", com Valdemar Gomes e "Nair",
registrados por Déo. A partir de 1947, passou a fazer composições com Herivelto
Martins e Mário Rossi, música que receberia pouco depois, anos 1950,
consagradora gravação de Elizeth Cardoso. Nesse ano, foi novamente gravado por
Aracy de Almeida, com o samba "Cidade do interior", com Mário Rossi.
Ainda no mesmo ano, outra composição sua que se tornaria um clássico foi gravada,
o samba "Segredo", parceria com Herivelto Martins, sucesso de Dalva
de Oliveira, um mês depois gravada por Nélson Gonçalves. De estilo
dramático-sentimental, "Segredo", tornou-se um dos maiores sucessos
daquele ano, sendo ele o autor da segunda parte, feita a pedido de Dalva de
Oliveira. A música acabaria por integrar, depois, a polêmica musical
Dalva-Herivelto.
Teve no ano
seguinte outra parceria com Herivelto Martins gravada, o samba
"Tormento", pelos Vocalistas Tropicais na Odeon. Também em 1948, obteve
outro sucesso com Herivelto Martins com o samba "Cabelos brancos"
gravado pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa na Odeon, lançado para o carnaval
de 1949, acabou por se consagrar como um clássico de meio-de-ano. Foi regravado
por outros intérpretes dentre os quais Nélson Gonçalves e Sílvio Caldas. Em
1949, três de suas composições foram gravadas por Dircinha Batista na Odeon, o
bolero "Fica comigo", com Mário Rossi e os sambas "Minha
saudade", com Pernambuco e "Café requentado", com Mário Rossi.
Nesse ano, os Vocalistas Tropicais gravaram o samba "Ilha dos
amores", com Valdemar Silva e Gilberto Milfont o samba "Capricho
inútil", com Mário Rossi.
Em 1950, compôs com letra de
Mário Rossi o bolero "Que será?", grande sucesso que correu o Brasil
na voz de Dalva de Oliveira. A música veio abastecer o repertório da cantora,
na época envolvida em sua polêmica separação do compositor Herivelto Martins.
Ainda nesse ano, o compositor, que sempre teve admiração pelo Presidente
Getúlio Vargas, compôs com Haroldo Lobo para o carnaval do ano seguinte a
marcha "O retrato do velho", gravada com enorme sucesso por Francisco
Alves na Odeon. Em 1951, teve o samba "Calúnia", com Paulo Soledade
gravado por Dalva de Oliveira que obteve sucesso nesse ano ainda com a marcha
"Estrela do mar", também parceria com Paulo Soledade. Em 1952, teve a
marcha "Meu balão perdeu o gás", com Màrio Rossi gravada pelos Anjos
do Inferno e o bolero "Há quanto tempo?", com Don Al Bibi, gravado
por Heleninha Costa, ambas na RCA Victor. Nesse ano, desenvolveu parceria com
Manezinho Araújo com quem compôs os sambas "Rua de valentão", lançado
por Linda Batista e "Por essa mulher", gravado por Gilberto Milfont e
a marcha "Pula, caminha...", gravada pelos Quatro Ases e Um Coringa.
Em 1953, foram gravadas ma marcha "Viva a pátria e chova arroz", com
Manezinho Araújo e o samba "Cidade de São Sebastião", com Paulo
Soledade, lançadas pelos Anjos do Inferno. Em 1954, o radialista César de
Alencar gravou a marcha "Que confusão", outra parceria com Manezinho
Araújo; Jorge Goulart o samba "Quem ainda não pecou", com Mário Rossi
e Valdir Calmon e seu conjunto o bolero "Por quanto tempo?", parceria
com Don Al Bibi.
Em 1955, o Trio Irakitan regravou
o samba "Segredo" e Jorge Goulart gravou o samba "Decisão",
com Mário Rossi. Nesse ano, teve outra composição gravada por Dalva de
Oliveira, o samba "Foi bom", parceria com Haroldo Lobo. Também nesse
ano, Helena de Lima gravou na Continental um dos seus maiores sucessos, o
samba-prelúdio "Prece", parceria com Vadico no disco que trazia outro
samba-prelúdio da mesma dupla de compositores, "Coração, atenção!".
No ano seguinte, o samba-prelúdio "Prece" foi regravado por Lana
Bittencourt na Columbia. Em 1957, o Trio Nagô regravou na RCA Victor o samba "Prece"
e a marcha "Inflação de mulheres", composta em parceria com Frazão,
foi gravada na Continental para o carnaval do ano seguinte por Jorge Goulart.
Ainda nesse ano, teve gravada a primeira de suas composições feitas em parceria
com então iniciante maestro Antônio Carlos Jobim, o samba-canção "Sucedeu
assim", lançada por Vanja Orico na Sinter e logo depois por Sylvia Telles.
Em 1958, sua segunda parceria com Tom Jobim foi gravada, o samba "Aula de
matemática", lançado por Carlos José na Polydor. Em 1959, João Gilberto
regravou o samba "Aos pés da cruz" em seu primeiro LP , Chega de
Saudade.
Em 1960, a gravadora
Copacabana lançou um LP só com composições suas na voz de Elizeth Cardoso. Em
1961, fez com Felisberto Martins o bolero "Por favor eu lhe peço"
gravado pelo Duo Irmãos Vieira na RGE. Em 1963, seu samba "Segredo"
foi regravado por Rosana Toledo na RGE em forma de marcha-rancho e a
"Canção do olhar amado", feita com Chico Feitosa foi gravada por
Carminha Mascarenhas na Copacabana.
Sua última música, a valsa
"Minha cidade" foi composta em 1965, em parceria com Mário Rossi. Em
1979, Tom Jobim regravou com Miúcha o samba "Aula de matemática",
parceria dos dois. Em 1981, o samba “Ai, quem me dera", foi gravado duas
vezes: Por Tom Jobim e Edu Lobo no disco "Tom e Edu", abrindo o LP e
pelo pelo Quarteto em Cy. Em
1985, o samba "Preconceito" foi cantado por João Gilberto no Festival
de Montreux. Em 1986, o mesmo samba foi apresentado por Chico Buarque, Caetano
Veloso e Paulinho da Viola num dos programas "Chico e Caetano",
produzidos pela TV Globo. Em 2000, João Gilberto fez uma releitura do samba
"Segredo", registrada em "João Voz e Violão".
Deixou cerca de 300 composições,
dentre as quais grandes sucessos da Música Popular Brasileira. Sua importância
como compositor e a perenidade de sua obra podem ser vistas na aproximação que
teve com parceiros de estilos aparentemente díspares como Wilson Batista e
Antônio Carlos Jobim.
Marino por Marino
EU,
Marino do Espírito Santo Pinto, fui
convidado para falar de Marino Pinto,
nesta ocasião.
Mas, “Que dizer”?”...
Sou
natural de uma “Cidade do Interior”
(Bom Jardim) e trouxe comigo a “Herança”
do samba, do samba dos “Velhos Tempos”.
A “Música do Céu”, que inspira os
sambistas de minha terra, ilumina os meus sonhos desde a “Madrugada” da minha carreira de compositor.
“Até Quando?” – Não sei... Enquanto houver uma “Velha Praça”, nunca estarei “Só”. Comigo estarão velhas lembranças,
passados desencantos que, somados ou diminuídos às novas esperanças, numa “Aula de matemática” particular,
florescerão em ritmos e melodias para todos.
A
minha infinita capacidade de “Renúncia”
há de permitir que jamais descreia da vida, com todos os seus sofrimentos e
desenganos, que são o “Reverso” da
estrada do sonho.
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