Dentro do cenário da missão que
Cristo confiou à sua Igreja, não poderíamos deixar de mencionar a cena
impactante descrita pelo evangelho de são João. Cristo, tendo consumado a sua
missão no mundo, deixou-nos o que de mais precioso tinha em sua vida terrestre:
sua querida mãe! Escreve são João: “Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o
discípulo que ele amava, disse à mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse
ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’ A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no
que era seu”. (Jo 19, 26-27).
A entrega de Jesus ao Pai
comporta também esta singular oferenda: a maternidade de Maria confiada ao
discípulo amado e nele a toda a humanidade.
Este evento teológico constitui
uma verdadeira escola do discipulado, onde somos orientados – eu diria mesmo
“guiados” – não apenas por uma mestra, mas por nossa própria mãe que, na hora
suprema da cruz, sente sua alma transpassada de dor, uma dor “oferente” e, ao
mesmo tempo, “parturiente” daquela que, daquele momento em diante, é chamada a
gerar uma humanidade reconciliada no sangue do seu amado Filho que, impotente,
viu agonizante no madeiro.
Não bastaria acolher a vontade de
Deus na encarnação? Só na dimensão de um profundíssimo mistério, esse mesmo
consentimento seria ratificado no altar do calvário, oferecendo aquele que
outrora recebera no seu seio. Aos pés da cruz começou um novo tempo vivido pelo
derramamento do Espírito prometido pelo Cristo e que renovaria a face da terra.
Assim, a multidão de discípulos
do Senhor, espalhada pelo mundo, constitui a grande família dos redimidos – a
Igreja – que cumpre, apesar das perseguições, dos perigos e tribulações, com
alegria, a mesma sentida pela serva fiel, o mandato de Jesus. A Palavra será
anunciada aos quatro cantos da terra e todos experimentarão a Salvação. (cf. Mc
16, 15ss).
Assim se realiza o grandioso
plano do Pai, a conclusão perfeita da obra da Criação, a maior expressão de
louvor que a criatura faz ao seu Criador, a salvação do gênero humano. Esta
vontade suprema de Deus, realizada pelo Cristo na sua entrega obediente até a
morte e morte de cruz, é manifesta à humanidade de todos os tempos. Nesta obra
está intimamente implicada a Virgem Santíssima, que, como canta a liturgia:
“Arrebatada à glória dos céus, acompanha até hoje com amor de mãe a Igreja que
caminha na terra, guiando-lhe os passos para a pátria, até que venha o dia
glorioso do Senhor”. (prefácio da Virgem Maria, Mãe da Igreja).
Estrela da Evangelização, rogai por nós!
Dom Edney Gouvêa Mattoso - Bispo de Nova Friburgo (RJ)
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