Sérgio Farinha, proprietário da empresa concessionária de transporte coletivo no município explica aumento e esclarece
sobre defasagem da tarifa
Em razão da considerável repercussão que causou, com
críticas, incompreensões, reclamações e até alguns questionamentos, tão logo começou
a circular semana passada, a nossa edição n° 530 com a manchete “Passagens em
BJ vão aumentar 20% no dia 1°” e sobretudo, a publicação do Decreto Municipal n°
2467, a reportagem do JORNAL MAIS BJ procurou a direção do EXPRESSO FARINHA para
saber mais a respeito de tal reajuste. Assim, de forma cordial atendendo nossa
reportagem, o diretor-presidente da empresa, Sr° Sérgio Farinha respondeu
algumas indagações e apresentou uma série de informações e considerações sobre
o assunto.
"Só dois aumentos da Farinha em dez anos"
“Estamos em
Bom Jardim há 10 anos e quando começamos, na época ainda do
prefeito Celso Jardim, o preço básico de nossa tarifa era de R$ 1,00. Um bom
tempo depois, houve um reajuste para R$ 1,20. Já na época do governo do prefeito
Affonso Monnerat, em seu segundo mandato, ficamos quase sete anos sem termos
como reajustar o valor de nossa passagem, que depois de pleitearmos R$ 1,45 acabou
mesmo ficando em R$ 1,40, valor esse que vigorou até agora neste fim de outubro
de 2011”, infirmou inicialmente Sérgio Farinha.
"Devido a defasagem, aumento, na verdade, deveria ser bem maior"
Já ao ser questionado quanto ao reajuste de 20% que passou a
vigorar agora no preço da passagem em Bom Jardim , o empresário Sérgio Farinha
explicou: “Se fosse seguido à risca o
contrato de concessão que temos, os reajustes de nossas passagens deveriam ser
anuais e de acordo com o Detro (Departamento de Trânsito), como inclusive ocorre
em outras cidades e também, como todos sabem, como é feito com relação aos
pedágios. Desta forma, isso ajudaria nossa empresa, a manter mais o equilíbrio
financeiro e os usuários não viriam sentir tanto em seus orçamentos e despesas,
uma vez que os índices de reajustes seriam bem menores. Tanto assim, que posso
afirmar que apesar destes 20% de reajuste agora, para fazer frente a elevação
dos nossos custos e despesas, ainda não vem a ser suficiente, já que o preço
básico de nossa tarifa de passagem aqui em Bom Jardim ao invés dos
1,60 que passa a vigorar agora, deveria ser no mínimo R$ 2,00, devido a
defasagem ao longo dos últimos anos. Outra coisa que chamar a atenção de todos,
que para nossas linhas mais distantes, o valor do aumento em função disso, foi
de apenas 10 centavos.
Melhoria da frota e algumas das adversidades enfrentadas
Frente
a abordagem da questão de que muitas vezes, são encontrados passageiros que reclamam
de eventuais condições de alguns ônibus e outras adversidades, Sérgio Faria
também com muita sinceridade e clareza apresentou suas considerações. “Sempre que
possível, estamos procurando comprar novos ônibus e só para vocês terem um
idéia, apenas um micro ônibus novo como compramos recentemente, custa em média R $ 210 mil. As
vezes, compramos também ônibus usados, mas claro em condições de uso e idades
permitidas pelo Detro, tipo 2006, 2007 que custam no mínimo cerca de R$ 120
mil. Evidentemente se pudéssemos, só íamos adquirir veículos novos, porque
todos que possuem carros sabem, que quanto mais novo o veículo menos problemas
e despesas de oficinas e consertos eles apresentam. Possuímos onze ônibus,
sendo três reservas.
Outro detalhe que chamo a atenção de todos e que de certa
forma mostra como está defasada nossa passagem em Bom Jardim , é que
quando vamos comprar algum outro ônibus, seja usado ou novo, a primeira coisa
que nos perguntam, é quanto custa a nossa tarifa mínima? A responder que é R$
1,60 ou era no caso, R$ 1,40, todos afirmam e até nos dizem, puxa como vocês
consegue sobreviver assim?”, comentou Sérgio Farinha.
Uma panorâmica com relação aos elevados custos e muitas despesas
Durante a entrevista, ao ser perguntado com relação a
despesas e custos, o empresário Farinha também explicou: “Trabalham com conosco
38 funcionários, entre motoristas, cobradores, mecânicos e etc. Por ai, quem
tem ou teve alguma firma, já pode imaginar as despesas com relação a encargos
sociais. O piso da classe é de R$ 961,00, porém todos recebem mensalmente muito
mais que isso, já que tem as horas extras, adicionais noturnos, auxilio
alimentação. Além também do já tradicional seguro DPVAT, temos que ter e temos,
um seguro de responsabilidade social.
Já com relação também as nossas despesas e custos, devo
salientar que apenas com óleo combustível, nosso consumo mensal está em cerca
de 25 a 30 mil litros. E como todos passam sempre pertos de um posto de
combustível, basta olhar o valor e fazer as contas do quanto gastamos só com
este item. Mas fora isso e outras despesas, com muitas ruas e estradas com
buracos e quebra-molas, diariamente temos estamos com ônibus terem que ser
consertados e só para vocês terem uma ideia, cada mola solteira e não estou
falando dos chamados fechos de molas, custam cerca de R$ 300,00. E os pneus,
cada pneu novo que compramos, custa em média R $ 1.400,00 e devido rodar direto nos
ônibus, que as vezes são obrigados a esfregar em meios-fios, pedras e buracos,
um pneu novo ou mesmo reformado, dura em média somente de 30 a 40 dias para
nós”.
Gratuidade é de 40% ou mais
Com relação a abordagem de gratuidade que o Expresso Farinha
deve também disponibilizar no seu dia-a-dia, seu diretor Sérgio também comentou
de forma bastante clara e direta. “Cumprindo o que determina a lei,
transportamos graciosamente estudantes e idosos, o que chega a ultrapassar a
40% e devemos também deixar claro, que não recebemos para isso nenhum subsídio
ou ajuda do governo municipal ou estadual, o que se acontecesse, sério muito
justo para nós. Além disso, muitas vezes sempre procuramos atender solicitações
de ônibus para eventuais transportes para jogos de futebol, festas, enterros e
etc, mostrando assim, embora nenhum todos saibam ou observem, o desenvolvimento
do nosso lado social”.
Outras situações que acabam refletindo nos serviços prestados
Ao ser perguntado o que poderia ter ele mais a acrescentar a
respeito do transporte coletivo em Bom Jardim e lembrando também das reclamações que
por vezes muitas pessoas fazem com relação a atrasos de horários, o empresário
Sérgio Farinha disse: “De fato, muitas vezes recebemos reclamações de atrasos
de horários, porém a maioria das pessoas infelizmente desconhecem, não vêem ou
não querem ver certas situações. Além de alguns problemas que enfrentamos as
vezes com buracos, quebra-molas, temos por exemplo como muitos motoristas
sentem na pele, engarrafamentos e demoras em certos momentos, por exemplo, para
atravessar na passagem por São Miguel e ponte do Maravilha, fato que aliás,
chegam também atrapalhar e até irritar alguns motoristas que nem sempre passam
mais de uma, duas ou três vezes durante o dia, o que não correr com alguns dos nossos
ônibus que enfrentam isso inúmeras vezes durante o dia. Outro detalhe que é
possível que muitos não saibam, é que de alguns meses para cá, os nossos ônibus
que chegam a rodoviária de Bom Jardim para retornar a outros locais e linhas,
não podem mais contornar ali perto do Posto Erthal e loteria, tendo assim que
se dirigir até o trevo da RJ-116, que vai para Cordeiro para desta forma voltar
ao centro, demandando perda de mais tempos e gastos de combustível já que isso
nos obrigar a andar uns dois quilômetros a mais”.
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