terça-feira, 28 de abril de 2009

Homem morre quatro dias após ter sofrido queda do cavalo no Capivari

Cesar Carvalho (JORNAL MAIS)

BOM JARDIM (RJ) - O que parecia ser apenas uma atividade rotineira, desempenhada há vários anos por Sidney da Silveira Soares, o Ney (foto à direita), de 46 anos, morador do Capivari, zona rural do município de Bom Jardim, acabou se transformando numa tragédia. Ney, que trabalhava desde jovem com doma de animais bravios, no último feriado do dia 21 de abril se encontrava desempenhando suas funções próximo ao sítio onde morava, quando foi derrubado pelo cavalo no qual estava montado. O animal, pertencente ao proprietário rural Zito Schott, começou a dar pinotes e derrubou o peão, que na queda bateu com a cabeça violentamente no asfalto, sofrendo traumatismo craniano. O acidente aconteceu por volta das 20 horas, nas proximidades de um bar.
Conseguindo se levantar, Ney ainda teve forças para chegar em casa. Sua esposa, Adriana, percebendo a gravidade do ferimento, o conduziu imediatamente ao Hospital dr. Celso Erthal, da Santa Casa de Bom Jardim, onde foi atendido pelo clínico geral dr. Thales Erthal. Depois de receber os primeiros cuidados e procedimentos de praxe, o paciente perdeu a consciência e entrou em estado de coma, sendo logo transferido de ambulância para o Hospital Raul Sertã, em Nova Friburgo. No HRS, Ney Soares foi atendido pelo dr. Marcus Vinícius e depois de medicado passou por várias tomografias computadorizadas.
Apesar dos cuidados dispensados pelo corpo clínico e equipe de enfermagem do HRS, Ney permaneceu em coma até o dia 26, quando faleceu. O laudo médico atestou como causas da morte fratura de crânio e lesão cerebral, agravada por uma hemorragia intracraniana. Seu corpo foi velado na capela mortuária de Bom Jardim e sepultado na segunda-feira, 27, no cemitério local, com grande consternação e acompanhamento de inúmeros parentes, amigos e conhecidos.

Uma vida dedicada ao trabalho

O valente peão e domador de cavalos Sidney da Silveira Soares, o Ney (Foto acima), dedicou sua vida a domesticar e amansar animais bravios, como cavalos e mulas. Sua fama extrapolou os limites do município de Bom Jardim, a ponto de proprietários de animais chucros de municípios como Nova Friburgo, Trajano de Moraes, Cordeiro, Duas Barras e outros trazerem os bichos para ele “dar um jeito”. Com isso, Ney Soares acabou sendo conhecido e respeitado em toda a região. No piquete, ele era o rei. Encarava a doma animal como um desafio e aceitava todas as tarefas com imenso prazer. Em pouco tempo, sob as ordens e o controle do peão do Capivari, o bicho ficava mansinho, mansinho e aceitava qualquer montaria.
Mas nem todos os animais deram moleza para Ney. Alguns, mais ariscos e tinhosos, teimavam em derrubá-lo. Ney já tinha perdido as contas de quantas vezes fora para no hospital, de onde voltava com uma perna ou um braço no gesso ou na tipóia, que exibia como um troféu. Mas voltava. Só que no último dia 21, feriado de Tiradentes, Ney foi e não voltou mais. Naquele dia, um animal o pegou de jeito, fora do piquete e o jogou de cabeça no asfalto. Asfalto duro, que ele próprio havia pedido ao prefeito Affonso para asfaltar e Affonso havia atendido.
Além da viúva, Adriana, Sidney da Silveira Soares deixa dois lindos filhos, Sydney Júnior, de 17 anos e Sanderson, de apenas 8. Deixa também a mãe, já doente e idosa e seus muitos irmãos. E uma enorme legião de amigos e admiradores mundo afora. Descanse em paz, Sidney. Ou simplesmente Ney, o peão que domava cavalos. Você vai deixar saudades...

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