Passos Firmes Em Direção à Montanha
A. Magno
Na introdução de um majestoso livro que fala a respeito da terceira idade, Hermógenes assim escreveu:
“Passa de maio dia.
O declínio começou.
Aqui no vale, as sombras chegam mais cedo.
Subirei a montanha.
Lá no alto, os últimos fulgores do sol serão meus.
E quando a noite chegar, vai me encontrar lá no alto”.
Mas, pouquíssimos chegam lá...
Renato Hoelz, Renato Sapateiro ou apenas Seu Renato, cortando e martelando duras solas de couro, em meio à toxina das colas; modelando e confeccionando sapatos para todas as classes sociais, durante décadas e décadas, caminhando firme, conseguiu entrar para o pequeno e seleto grupo de “vitoriosos alpinistas”.
Renato Hoelz nasceu em 1º de junho de 1919, no distrito de São José do Ribeirão, município de Bom Jardim, estado do Rio de Janeiro. É filho de Leonel Norival Hoelz e Lília da Cruz Hoelz, sendo o mais velho dos 12 irmãos.
Em 1929, com apenas 10 anos de idade, seus pais mudaram-se para Bom Jardim, quando então, o menino Renato, ao lado do pai, teve sua iniciação no segmento de calçados. A partir da década de 50 – ano de seu primeiro negócio – Seu Renato se notabilizaria como um dos ou como o mais prestigiado “artesão” fluminense, sobretudo, na produção de calçados femininos. Seus famosos calçados passaram a ser encontrados em vitrines de sofisticadas lojas, tais como a “Sloper”, bem como nos pés de consulesas, embaixatrizes e esposa do presidente da República.
Em 16 de dezembro de 1943, casou-se com Maria Antonieta Cariello Hoelz, filha de Caetano Domingos Cariello e Josefina Florimonte Cariello. Como consequência dessa união conjugal, surgiram quatro filhos: Lúcia de Lourdes, José Ricardo, Caetano Leonel e Celso Marcos, sete netos: Lígia, Luciana, Bernardo, Ana, Túlio, Marianne e Lília, e três noras: Selma, Maria e Melânia.
Quem tem o prazer de conversar com Seu Renato, percebe claramente que os seus olhos brilham, ao falar sobre três assuntos:
1. Seu hobby pela música e principalmente, pelo futebol.
2. Seus grandes amigos, Carlos Henrique Monnerat (Carlinhos), Théo Cariello, Celso Erthal, Mingote Leonardo, Cláudio Fernandes e Jamer Abreu (fiel parceiro).
3. A difícil implantação e a posterior vitória dos filhos Caetano, Celso e Ricardo, a frente da empresa “Ludelu” – pioneira no setor têxtil de Bom Jardim.
Renato Hoelz, graças ao Criador, em 1º de junho de 2009, se tornou mais um nonagenário bom-jardinense, alegre, lúcido e em plena atividade profissional em seu famoso “Renato Atelier”, localizado à Rua Nilo Peçanha, nº 16.
É claro que durante estes 90 anos de estrada da vida, por quantas vezes a esperança o encorajou? E por quantas vezes o deixou se envolver pela dúvida? Muitas são as conquistas que carrega consigo, assim como, as perdas. Conheceu pessoas que ainda caminham consigo e pessoas que já se foram, deixando saudades. O seu “grande momento” talvez tenha sido aquele em que sentiu o maior prazer do mundo em desempenhar sua função em algum projeto bem-sucedido.
“Agradecer” a Deus pelos 90 anos seria um procedimento normal de um longevo. Porém, o inusitado é “retribuir”, como faz Renato Hoelz, servindo de exemplo e de estímulo aos que ainda pestanejam na apatia do “vale”, sem se dar ao trabalho de cultuar a importância da “montanha”.
Feliz aniversário, Seu Renato!!!
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