sábado, 5 de junho de 2010

COLUNA DO A. MAGNO

Meu amigo Mauro Barreto e nossa saudade do Rui Celso

A. Magno

A tarde aos poucos ia morrendo e barulhentos pardais em bando se recolhiam para dormir, disputando um melhor lugar na copa das árvores. Sem dúvida, um bonito cenário para se contar casos e "causos", bem como para se fazer reflexões. Assim são as tardes da praça da Bandeira, em Limoeiro-PE.

Pois é, meu amigo Mauro Barreto, era mais ou menos por essas horas que ao contrário dos pardais limoeirenses a turma da confraria vinha para a Praça Cel. Monnerat em Bom Jardim ouvir e contar histórias. Uma boa e barata terapia.

Ah!.. era gratificante, muito gratificante chegarmos à praça e vermos vários pequenos ciclistas transitando em torno dos canteiros, assim como assistirmos a animada pelada, cujos gritos de goooll!... tantas boas lembranças nos traziam. Não obstante, além dos ciclistas, das peladas, do cheiro das pipocas do Hely e dos nossos encontros, dois marcantes quadros sempre virão à minha cabeça ao sentar-me numa praça. Um desses quadros era a chegada do Zequinha M. Monnerat à praça. Quase sempre engravatado, primeiramente, ele se dirigia ao filho em plena pelada, o chamava e o saldava com carinhosos beijos e abraços - gestos de ternura escassos nos dias de hoje. Em seguida, o Zequinha vinha até a confraria e com ar de gozador futucava o amigo Jalver Litz:

- Jalver!... Jalver!... o Homem lá de cima, tá doido pra lhe ver...

- E Jalver, respondia:

- Tó fora, Zequinha!... Tem gente mais antiga do que eu na fila...

O outro quadro acontecia por ocasião dos dias de reuniões da Câmara Municipal. Nestes dias, o Rui Celso - assessor do legislativo que infelizmente nos deixou mês passado -, no aguardo das reuniões, mexia com uns e com outros e simultaneamente a baforadas de fumaça completava com inusitadas gargalhadas. Porém, Jalver que do banco da confraria a tudo observava o chamava e mandava "vê":

- Que vida boa é essa de assessor, hein Rui Celso?

Rui Celso, diante da sinuca de bico, acendia o cigarro, balançava a cabeça e contra-atacava:

- Pô!... Que bicho linguarudo!... Ah! ah! ah!...

Pois é, meu amigo e presidente de honra da confraria, Mauro Barreto. A praça Cel. Monnerat continuará no mesmo lugar. Porém, sem os gestos de ternura do Zequinha e sem as inéditas gargalhadas do Rui Celso. Ah! meu amigo, ainda bem que mesmo num mundo consumista em que o "basta ter" e o "basta aparentar" são o suficiente, gesto de ternura, bem como boas gargalhadas continuarão sendo um tesouro de inestimável valor.

Um comentário:

Unknown disse...

Esse e um belo exemplo a ser seguido por todos, meu pai foi um grande homem...
Obrigado por lembrar dele c tanto carinho...3 meses sem sua ternura...