segunda-feira, 15 de março de 2010

Bom Jardim está entre municípios que podem ajudar a reativar a cultura do café no estado

Embrapa quer estimular o plantio do grão em território fluminense

Alana Granda (Agência Brasil) e Cesar Carvalho (JORNAL MAIS)

O centro-sul fluminense, que foi o ponto de partida das grandes plantações de café no Brasil no tempo do Império, poderá voltar a cultivar o grão que, durante quase um século, se constituiu a principal riqueza do país. Os primeiros embarques de café para o exterior datam de 1779, totalizando 79 arrobas, ou o equivalente a 1.185 quilos. Já em 1806, as exportações atingiram o volume significativo de 80 mil arrobas, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Atualmente, as regiões serrana e noroeste fluminense, com destaque para os municípios de Bom Jardim e Varre Sai, respectivamente, são as que mais produzem café no estado. “Em Varre Sai, 85% da renda do município vêm da cadeia do café”, informou Carvalho.
Para estimular o plantio do grão no Rio de Janeiro, pesquisadores da Embrapa Solos estão realizando o zoneamento do café para o estado, buscando identificar as áreas com menor risco de perda de produção. Segundo o pesquisador Alexandre Ortega, da Embrapa Solos, responsável pela parte do trabalho relacionada ao clima, a ideia é “minimizar o risco e maximizar o sucesso”.
Os resultados preliminares do trabalho, que procura aperfeiçoar estudo anterior elaborado em 2000 pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro), deverão ser divulgados em julho próximo. A conclusão do zoneamento deve ocorrer até o fim deste ano. O pesquisador Waldir de Carvalho, um dos executores do projeto, disse que há um potencial grande a ser explorado no estado para o cultivo do café pelos pequenos e médios produtores. Destacou, entretanto, que “a potencialidade está nas terras que hoje são usadas para pastagens”.
O zoneamento faz parte do Programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que tem o objetivo de estimular o plantio de alimentos pelo pequeno produtor rural, incluindo o agricultor familiar. Ortega acrescentou que a ideia é fomentar novos plantios no Rio de Janeiro e tornar mais competitivos aqueles que já estão implantados.
A variedade de café mais encontrada no estado é a arábica. Seu plantio está relacionado à questão do clima. “É um café de altitude, ou seja, lugares com temperatura mais amena e precipitação mais distribuída ao longo do ano”, disse Ortega, referindo-se ao município de Bom Jardim. O pesquisador observou, porém, que a revitalização da cultura do café no Rio depende de políticas públicas, incentivos, financiamento e crédito, entre outros fatores.

Estado de MG, grande vencedor!

A qualidade do café produzido em Bom Jardim, que inclusive, é vendido para outras torrefadoras do RJ e até de outros estados, como Minas Gerais, levou os produtores bom-jardinenses Francisco e Efigênio Nioac de Salles, a novamente disputar o “Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso”, promovido pela empresa italiana Illycaffè, ficando entre os 50 finalistas. Com isso, os resultados que acabam de ser divulgados durante cerimônia na última sexta-feira, dia 5, apontou como grande vencedor da 19º edição deste prêmio, o produtor Clóvis Carvalho Pinto, do município de Campos Altos na região do Cerrado mineiro, que assim abiscoitou US$ 30 mil. Os outros nove premiados, foram todos também de Minas Gerais, com seus municípios Poços de Caldas, Pratinha, Carmo de Minas, Diamantina, Presidente Kubitschek, Monte Belo, Araponga e Cabo Verde. Nosso município de Bom Jardim não ficou entre os dez primeiros colocados no concurso, mas teve reconhecida também sua importância no evento e consequentemente qualidade cafeeira.

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