segunda-feira, 1 de março de 2010

Tia Bidú se foi e será sempre lembrada como a eterna enamorada do carnaval

Da Redação (JORNAL MAIS)

Carnaval é sempre sinônimo de alegria. Mas, neste ano de 2010, para a família Carriello, o carnaval passou a significar também um misto de alegria e tristeza. É que em plena madrugada do dia 16 de fevereiro passado, terça-feira “gorda”, último dia de carnaval, com toda a cidade em ritmo de despedida da folia, o baticum e a alegria, momentaneamente cederam lugar a tristeza, com o falecimento da Sra. Cacilda de Paula Pinto Carriello, a conhecida “Tia Bidú”, foliã de tantos carnavais bom-jardinenses. Perto de completar 95 anos, Tia Bidú havia deixado marcas em outros saudosos carnavais, do passado recente de Bom Jardim, sendo conhecida como “A Enamorada do Carnaval” e sendo, por isso, sempre homenageada pelos foliões durante os períodos de Momo.
Muitos ainda se recordam de carnavais passados, quando seu marido Félix Carriello fundou a hoje extinta agremiação Unidos do Abafa, que desfilou durante vários anos em Bom Jardim. O JORNAL MAIS, ainda com o nome de “Jornal de Bom Jardim”, publicou em sua edição nº. 8, em julho de 1995, uma merecida homenagem à Tia Bidú, na coluna “Memorial BJ”, da qual reproduzimos em seguida, alguns trechos escritos naquela época, carecendo pois, de atualização.

Cacilda de Paula Pinto Carriello – A Tia Bidú

Nascida em Bom Jardim,no dia 12 de julho de 1915, Cacilda sempre foi uma pessoa admiravelmente doce e ainda pequena, ganhou o apelido tão meigo de sua babá Guilhermina. Bidú era filha do saudoso casal José de Paula Pinto & Ernestina Teixeira Pinto e irmã de Maria Amélia (falecida), Elza, Dalva e Oraida. Sempre foi muito vaidosa e bela, por isso mesmo se elegendo com facilidade aos 17 anos, Rainha da Primavera em Bom Jardim. Foi professora Fazenda dos Paulo Pinto, na localidade de Pena, e teve como aluno João Margarido, pai do ex-prefeito Celso Jardim, entre outros.
Bidú também participava de teatrinhos e ajudava a promover festividades. Namorou o saudoso músico e compositor da terra, Marino Pinto, que lhe compôs especialmente a melodia “Cabelos Brancos”. Apesar desta prova de amor, seu coração passou a ter um outro e definitivo “dono”, que foi Luiz Fernandes Carriello, o Luiz Félix, com quem se casou no dia 5 de dezembro de 1936, na Igreja Matriz. Com o passar do tempo nasceram os filhos Pery, Lia (falecida), Ila e Jussara, além de duas adotivas: Maria Leida e Silvana (falecida), surgindo daí, os netos Ana Cristina, Ívina, Pedro Paulo, Lení, Adriana, Maria Inez, Luiz Gustavo, Cíntia, Flávia, Vinícius, Sarah, Raphaela (estas já falecidas) e os bisnetos Hannah, Miguel Luiz e Lygea. Além da perda das filhas Lia e Silvana, e das netas Sarah e Raphaela, Bidú perdeu em 1975, seu companheiro Luiz Félix.
Mas, pouco antes do seu término da década de 40 Luiz Félix havia fundado a agremiação carnavalesca Abafa, na qual Bidú ajudou na confecção das fantasias e alegorias. Em 1986, com o Abafa era presidido por Lea da Silveira Dias, Bidú como justa homenagem, foi tema do enredo intitulado “A enamorada do samba”, cujo desfile contou com a presença de todos seus familiares. Muito religiosa, ela sempre ajudou na organização de bazares e festas da igreja, sendo vice-presidente do Apostolado da Oração. Também era ela quem, durante muitos anos, costumava armar o presépio de Natal na Igreja Matriz.
O Jornal Mais se solidariza com a família enlutada e deseja à nossa Tia Bidú um merecido repouso eterno no reino dos céus.

Homenagem da filha Jussara e do “neto” Luiz Otávio

“Amigos,
Quero partilhar com vocês a minha saudade!
Mamãe querida partiu... A minha certeza é a Vida Eterna!
Ela, que rezava tanto,tinha no Sagrado Coração de Jesus
e no Imaculado Coração de Maria a sua fortaleza,
deixou-nos como herança,junto com papai, o amor à Igreja Católica!!!
Mas,mamãe e papai, além de arrumarem, durante anos, os presépios da Igreja Matriz,
paradoxalmente gostavam muito também da arte do carnaval...
Papai-fundador de Escola de Samba-o "ABAFA"-,
Mamãe-"A enamorada do samba"-enredo em que a homenagearam...
Tinha que ser mesmo, na terça-feira de carnaval...
Rezem por ela...

Sua filha Jussara”.


Tia Bidú, A Enamorada do Carnaval

Quantos risos, oh quanto alegria, e a mesma máscara negra, que ainda esconde seu rosto que não brilhará nunca mais nos três dias de folia e brincadeira em Bom Jardim. A enamorada do samba de Bom Jardim nos deixou, mas também deixou saudade e a certeza que viver é uma festa, é alegria, é amizade, é religiosidade, é hospitalidade, e é poesia.
Por isso que o G. R. E. S. Unidos do Abafa criou o enredo e cantou o samba: É VOCÊ TIA BIDÚ, QUE EU VIM HOMENAGEAR, É A MUSA DO POETA, QUE O ARTISTA CONSAGROU.
Cacilda de Paula Pinto Carriello, que nasceu em 12 de julho de 1915, muito religiosa foi filha de Maria em 1934 e depois pertenceu ao apostolado Sagrado Coração de Jesus, casada com Luiz Fernandes Carriello (Luiz Félix), que juntos tiveram três filhos Pery, Maria Ila e Jussara e mais três de coração Leida, Silvana e Sônia, oito netos e nove bisnetos. Deixando ainda vivas as irmãs Oraida e Dalva Paula Pinto.
E tia Bidú, nos deixou justamente no terceiro dia de carnaval, as 04h15min. Na madrugada do dia 16/02/2010 que segundo o laudo médico, de Insuficiência Hepática, Pneumonia Bilateral e Doença de Alzheimer...
Ela partiu numa viagem linda ao ritmo e som do carnaval, numa madrugada de festa, de ruas cheias que relembrou o tempo do bloco da Arca de Noé, fundado por seu marido Luiz Felix , com alegorias, adereços e cabeças de bichos confeccionados também por Luiza Fernandes e Maria Félix, que foi ovacionados pelo público numa disputa grandiosa. Que alguém, gritando diante da multidão: Esse bloco ABAFOU!!! Daí a origem do bloco, ABAFA, que se tornou escola de samba.
Até o grande compositor bom-jardinense Marino Pinto que se curvando aos seus encantos e alegria homenageou-a: “Respeite aos menos meus cabelos brancos” ... Assim foi Bidú, que plantou uma árvore, pintou um óleo sobre tela, teve filhos e com 90 anos escreveu seu livro: GENTE E LUGARES DE MEU TEMPO – 90 anos de recordações.
Ela partiu numa linda viagem, deixando a certeza de que a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes (tombada), ao lado da Igreja Matriz, construída em homenagem a professora Joana Catanheda Monnerat por Luiz Félix e Henriquinho Albertini continuará florida, regada e iluminada assim como seu espírito que com certeza está numa linda viagem celestial para unir-se aos bons ao lado no nosso Pai maior Jesus Cristo.

Luiz Otávio de Andrade

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