quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) aumenta a incidência de mortes em enchentes e deslizamentos, diz estudo


Pesquisa também demonstrou que os efeitos das chuvas poderiam ter sido atenuados se houvesse a conservação da mata ciliar nas margens dos rios e se não fossem desmatadas e ocupadas as encostas e os topos de morros e serras.

Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

Estudo promovido pelo Ministério do Meio Ambiente mostra que o número de vítimas nas enchentes e deslizamentos ocorridos no início do ano na região serrana do Rio de Janeiro está diretamente relacionado à ocupação irregular de áreas protegidas, como as Áreas de Preservação Permanente (APPs), previstas no Código Florestal. Segundo o relatório sobre a tragédia, que tomou como base dados do Departamento de Defesa Civil do Rio de Janeiro, citados no estudo, a tragédia resultou em 910 mortos e 662 desaparecidos. Foram 426 mortes em Nova Friburgo; 382 em Teresópolis; 74 em Petrópolis; 22 em Sumidouro; duas em São José do Vale do Rio Preto; duas em Santo Antonio de Pádua; e duas em Bom Jardim. As chuvas deixaram 23.315 desalojados (pessoas momentaneamente impedidas de voltar para casa) e 12.768 desabrigados (pessoas que perderam suas casas) em 15 cidades.
Ainda de acordo com o relatório, as áreas mais atingidas são de preservação permanente, as APPs, que foram indevidamente ocupadas por atividades agrícolas, obras de infraestrutura ou edificações. Foram mais severamente afetadas pelas chuvas as margens de rios, incluindo pequenos córregos e nascentes; encostas com alta declividade e desmatadas ou modificadas por estradas e casas; e sopé dos morros, montanhas ou serras. Todas essas áreas são definidas pelo Código Florestal como APPs. O estudo demonstra ainda que os efeitos das chuvas teriam sido significativamente menores se existisse mata ciliar de 30 metros de largura de vegetação em cada margem dos rios e se não estivessem desmatadas e ocupadas as encostas e os topos de morros e serras.
Os pesquisadores também estudaram as consequências das chuvas nas áreas com florestas bem conservadas, sem ocupações humanas, e concluíram que o número de deslizamentos foi muito menor, sem consequências em termos de perdas materiais e humanas. Frente aos resultados, os pesquisadores recomendam que os parâmetros de preservação permanente estabelecidos no Código Florestal sejam mantidos, tanto nas áreas rurais quanto urbanas. Eles também recomendam a adoção de medidas complementares de proteção a áreas sujeitas a riscos de enchentes, erosão ou deslizamentos. 

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