quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Voz do Pastor + Dom Edney Gouvêa Mattoso

Bispo D. Edney Gouvêa Mattoso
A transmissão da fé

Caros amigos, gostaria de falar nesta edição sobre “catequese”.
Um famoso teólogo jesuíta, Hans Urs von Balthasar, disse certa vez uma grande verdade catequética: “A fé não deve ser pressuposta, mas proposta”. Há várias décadas que a Igreja sinaliza a necessidade de uma nova evangelização dos batizados.
Com o advento da modernidade, e pós-modernidade, se perdeu algo que era dado por suposto nos modelos catequéticos antigos: que a família católica passava aos seus filhos os valores religiosos, e mais, que a própria sociedade e cultura se encarregavam da transmissão dos valores cristãos essenciais.
Hoje, entretanto o cenário é outro. A verdade é que a fé não se conserva por si só neste mundo, não se transmite automaticamente ao homem, mas cabe aos discípulos de Cristo a perseverante tarefa de anunciá-la “oportuna e inoportunamente” (cfr. II Tm 4,2). Tal tarefa, porém, só se leva a cabo eficazmente quando o anuncio sai de um coração que crê, que espera e que ama, pois esta foi a pedagogia dos primórdios da Igreja.
De fato, o anúncio apostólico da fé não se limitava a uma narrativa dos acontecimentos, mas demonstrava o seu significado profundo, vinculando a pessoa de Jesus às promessas de Deus, às expectativas de Israel e, portanto, às esperanças de cada homem. É profundo o diagnóstico que nos apresenta o Santo Padre Bento XVI na abertura do Congresso anual da Diocese de Roma: “Se os homens se esquecem de Deus é também porque muitas vezes reduzem a pessoa de Jesus a um homem sábio, debilitando ou até negando a sua divindade. Este modo de pensar impede a compreensão da novidade radical do cristianismo” (13/07/2011).
Assim, o que se pede de nosso testemunho cristão, de nossas catequeses familiares e paroquiais é que sejam um anúncio cheio de fé e de alegria.
Quantas vezes os conteúdos da fé não se reduziram a um conjunto de frases e conceitos vazios, porque os catequistas não se esforçaram por atualizar-se e por viver próximos a este Deus que anunciam? Em quantas ocasiões as paróquias deixaram de se preocupar com a qualidade do material catequético, com a formação de seus catequistas e com as acomodações dos catequizandos? E questiono estas coisas porque a catequese é fundamental para a vida e a renovação das nossas comunidades.
Parabenizo, por isso, a todos os homens e mulheres que dedicam parte do seu tempo neste importante serviço à Igreja e peço a Deus que nunca lhes falte a força de Cristo para proclamar Palavra de Deus.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de N. Friburgo e Região. 

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