sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Voz do Pastor + Bispo Dom Edney Gouvêa Mattoso

Dom e Mistério

Caros leitores, meditando sobre a vocação ao ministério ordenado, cito um expressivo texto do beato João Paulo II: “Qual é a história da minha vocação sacerdotal? A conhece sobretudo Deus. Na sua mais profunda dimensão, toda vocação sacerdotal é um grande mistério, é um dom que supera infinitamente o homem. Cada um de nós sacerdotes experimenta esta realidade durante toda a sua vida. Ante a grandeza deste dom, sentimos quanto indignos somos dele” (Dom e Mistério, cap.1). Cada vez que medito este texto, aumenta a minha certeza de que, quando um sacerdote o lê, imediatamente encontra nele também plasmada sua própria figura.

O ministério sacerdotal é uma grande alegria, não só para aqueles que o recebem, mas principalmente para toda a Igreja, Corpo Místico de Cristo, a quem o sacerdote está destinado a servir todos os dias de sua vida. De fato, este grande mistério de graça só se esclarece quando visto no contexto do mistério de Cristo e da Igreja.

No mistério de Cristo, porque na religião cristã só há um sacerdote: Jesus Cristo. Os demais ministros do altar só são sacerdotes na medida em que, pelo sacramento da ordem, se configuram a este sumo e eterno sacerdote. Mas o sacerdócio só pode ser entendido devidamente no mistério da Igreja, porque o sacerdote não é um ser “fora de contexto”, mas existe em função da Igreja, que é “sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todos os seres humanos” (Lumen Gentium, 1).

Todos os batizados são chamados a participar desta missão, mas aos que receberam o sacramento da ordem, por estarem a serviço dos demais irmãos, compete oferecer o Sacrifício Eucarístico, perdoar os pecados e exercer publicamente o sacerdócio ministerial para o bem de todos os homens.

“Outros cristos para o serviço da Igreja”, que continua no mundo a obra salvadora do Filho de Deus; tais são as coordenadas em que nos encontramos e às quais devemos ajustar constantemente nossa vida. Exercendo com humildade e amor nosso ministério não só faremos resplandecer a excelsa figura de nosso Bom Pastor, como toda a Igreja refletirá de forma mais evidente o rosto de Jesus Cristo.

Deste modo nossas famílias serão mais santas, nossos jovens mais alegres e empreendedores, mais vocações surgirão em nossos seminários e mais justiça aparecerá nas relações públicas. Sempre haverá espaço para desconfiarmos de nossas próprias forças, porém não nos é permitido desesperar se estas forças se empregam no mesmo sentido da obra da salvação.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de Nova Friburgo

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