Pegar frangos! Aí é com o Jalvez...
A. Magno
Fiquei tão feliz com a notícia sobre a reativação da avicultura bom-jardinense que imediatamente me veio à cabeça um fato que nos ocorreu em 2008, conversando com amigos da Confraria do banco da Praça da Matriz
Uma das coisas boas da Confraria era a sua diversidade profissional. Por exemplo: Se quiséssemos saber sobre medicamentos, tínhamos Farmacêutico; se quiséssemos saber sobre direito, tínhamos Advogado; se quiséssemos saber sobre agronomia tínhamos Engenheiro Agronomo; se quiséssemos saber sobre empreendimentos, tínhamos Empresário; se quiséssemos saber sobre animais, tínhamos Veterinário, e assim sucessivamente.
Luciana e eu éramos sempre os primeiros a chegar à Praça e nos acomodarmos à espera dos demais confrades. Jalver Litz, veterinário competente, sempre era o segundo a chegar, trazendo consigo uma sacola de pães – complemento da famosa sopa de legumes da Dona Isabela Mululo. Como ele mal chegava e só falava sobre frangos, frangos e frangos... Luciana e eu passamos a nos interessar em conhecer como funcionava tal criação até que num certo dia, perguntamos:
– Jalver quando é que você vai nos levar para vermos a sua criação de frangos?
Como ele não tem papa na língua, logo respondeu:
– No momento, a “m” do meu carro está quebrado, mas, na próxima semana eu lhes levarei no carro do Batista, combinado?
– Combinado...
No dia marcado, Jalver e Batista pararam o carro na Praça da Matriz, nos sinalizaram e nos levaram para São José do Ribeirão e Alto de São José para conhecermos de perto alguns de seus galpões com pintinhos e frangos. Pelas explanações detalhadas do Jalver, Luciana e eu percebemos tratar-se de uma criação bastante delicada, longe de ser esse algo tão simples que se apresenta diante dos olhos de leigos no assunto.
Não obstante, após a visita às granjas, uma expressão usada constantemente pelo Jalver em nossos papos, passou a nos despertar a atenção. A expressão era: “Pegar frangos”
Por diversas vezes, ouvíamos do Jalver:
– Pô, turma!... Como está difícil de conseguir gente pra pegar frangos em fins de semana!
Ou então:
– É... Com as indústrias chegando a Bom Jardim, a turma não quer mais pegar frangos não, viu?
Porém, naquela tarde/noite que o ouvimos dizer que devido as fortes chuvas fora complicado pegar 12 mil frangos para mandá-los para o Rio de Janeiro, aí a nossa curiosidade falou mais alto e indagamos:
– Ó Jalver como é que se faz pra se pegar frangos pra mandá-los pro Rio de Janeiro?
Jalver para variar, tirou e botou o boné na cabeça por umas duas vezes e com a fisionomia séria, respondeu:
– Ah, é muito simples! Primeiro, a gente entra nos galpões sorrindo, depois a gente cumprimenta os frangos e lhes diz: “Turma! Quem quiser conhecer o Rio de Janeiro de graça é só entrar nos engradados que a gente leva ainda hoje a noite, certo?”
Enquanto nós o ouvíamos atentamente, Jalver finalizou:
– Viram como é fácil pegar frangos?
Depois da “convincente” explicação, enquanto eu me sentia com cara de besta, Luciana o retrucou em bom pernambuquês:
– Homi, homi, deixa de fuleragem e fala sério!...
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