sexta-feira, 6 de maio de 2011

Coluna do Magno

PARA VER OS AMIGOS, NÃO É DONA ISAURA?...

A.Magno

Em homenagem a Professora “Isaura Alonso de Faria Almeida” (minha falecida mãe) por seu aniversário em 7 de maio e pelo dia das mães no dia oito, vou contar um caso que nos ocorreu por ocasião de meus oito anos de idade.

Naquela época, todos os bois que vinham de Minas Gerais ou do Norte fluminense para os matadouros do Rio de Janeiro, vinham através de “boiadas” e passavam por dentro de Bom Jardim. Como trajeto a boiada passava pelo Arraial do Sapo, Praça da Bandeira (hoje Roberto Silveira), descia a Rua Joana Catanheda Monnerat, tomava a Rua Péricles C. da Rocha, Ponte da Maravilha, São Miguel e, seguia em direção a Nova Friburgo.

Nem seria necessário dizer que por onde a boiada passava era bosta para tudo quanto era lado. Mas, por outro lado, como do boi nada se perde, nós que morávamos na Leopoldo Silva ou na Péricles C. da Rocha, nossos pais nos incumbiam de recolher as bostas que seriam usadas como estercos em nossas hortas caseiras, fruteiras e jardins. Não nos era muito agradável recolhe-las pelas ruas, mas, ordens dadas eram ordens cumpridas, se não...

Assim sendo, como nessa época não tínhamos as diversões de hoje, ver a boiada passar, era para nós uma senhora diversão. Assim, bastava ouvirmos o aboiar dos boiadeiros que corríamos para as janelas de nossas casas. Porém, na inocência de meus oito anos (1950), um fato vinha intrigando- me. Tanto assim, que num certo dia quando passava uma baita boiada e, o fato se repetiu, aproveitando a presença de mamãe, perguntei:

– Ó mamãe, por que razão o boi subiu nas costas do outro?

Minha mãe ficou meio encabulada, deu uma tossida e respondeu:

– Olha meu filho, todos esses bois que aí estão passando, nasceram na mesma cidade, portanto, todos são amigos. Aí, aqueles que se encontram atrás da boiada sobem nas costas dos outros para verem os amigos que vão lá à frente da boiada, entendeu?

– Ah, entendi!...

Porém, num outro dia, reunido com outros moleques enquanto passava uma boiada, Evaldo Hoelz (mosquitinho), exclamou:

– Olha turma, o boi metendo na vaca!!

Estarrecido, perguntei a mosquitinho:

– Metendo o que?!

Mosquitinho, moleque mais velho e, que já sabia das coisas, não perdeu tempo:

– Metendo o que... Metendo o peru na vaca pra fazer bezerro. Seu bobão!...

Fiquei tão confuso com a resposta e, pior ainda, por ter sido chamado de bobão diante dos outros moleques que não tive coragem de retrucá-lo. O que fiz, foi sair de fininho direto para casa, completamente confuso. Tive até vontade de conversar com mamãe, mas faltou a coragem para dizer expressões tais como: Metendo, metendo o peru na vaca e outros. Por isso fiquei na minha...

Passados alguns dias, lá vinha Zé Maria (anos mais tarde Dr. José Ferreira de Souza), vendendo leite pelas ruas de Bom Jardim: “Leiteiro!! Leiteiro!! Olha o leiiiiiite!...” Quando ele passou por nossa casa (Leopoldo Silva, 352) eu o abordei:

– Zé Maria, posso fazer uma pergunta?

– Pode sim, tuninho.

Eu então mandei ver:

– Zé Maria, por que é que toda vez que passa uma boiada, um boi sobe nas costas do outro?

Zé Maria deu uma risadinha e respondeu:

– O boi tuninho, só trepa na cacunda das “vacas”. Ele faz isso pra poder meter o peru na tetéia delas e fazer bezerros, entendeu? Agora, tem uma coisa, você jura por Deus que não vai contar a Dona Isaura que eu lhe falei isso?

– Eu juro.

Mas, Zé Maria insistiu:

– Tuninho, diga: Eu juro por Deus.

– Euuu juro por Deuuus.

Só anos mais tarde é que nós filhos compreendemos que as nossas mães nos passam seus conhecimentos na hora certa e no momento exato, ou seja, não pulam degraus.

Valeu mamãe!!

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