quinta-feira, 5 de maio de 2011

Telefonia fixa ainda continua deficiente em Bom Jardim

Decorridos cerca de quatro meses após a enchente, diversos aparelhos fixos da Oi Telemar ainda continuam mudos e sem previsão para o seu retorno, podendo levar vários meses. Felizmente, os sinais da telefonia celular foram restabelecidos com rapidez e operam normalmente.

CESAR CARVALHO (JORNAL MAIS) - Em situações de emergência, mais do que nunca, a população precisa dos serviços de telecomunicações, para pedir socorro e para mandar notícias a parentes. Da mesma forma, a comunicação é essencial para equipes de resgate. A ONU lista comunicação como uma das prioridades em catástrofes naturais, depois de higiene e alimentação. O problema é que, em muitas dessas tragédias, as redes de telefonia fixa e móvel são atingidas e saem do ar. No Brasil, na última virada de ano, dois eventos extraordinários ocorridos em um intervalo de menos de um mês afetaram significativamente as redes de telecomunicações: o incêndio em uma central telefônica da Oi em Salvador, no fim de dezembro, e as fortes chuvas na serra fluminense, no meio de janeiro. À luz desses incidentes, ficou evidente que procedimentos das operadoras e órgãos públicos são falhos.

Em catástrofes naturais, como no terremoto do Chile, onde mais de 600 Estações de Rádio-Base, as ERBs, pararam de operar, é comum a interrupção de transmissão de dados para as centrais e a queda no fornecimento de energia também contribui para tirar do ar boa parte da rede móvel. Já na tragédia da serra fluminense, os deslizamentos de terra romperam um cabo de fibra ótica da Oi, que atendia diversas operadoras fixas e móveis da região. Além disso, a distribuição de energia foi duramente afetada. Sem eletricidade e munidas de baterias com pouca duração, muitas torres celulares pararam de funcionar. No primeiro dia do desastre, mais de metade das 85 ERBs da Vivo na região estavam fora do ar. Dos 16 municípios atingidos pelas chuvas, nove ficaram totalmente sem o serviço da Vivo. O problema se repetiu nas demais teles celulares. No centro de operações da Vivo em Brasília, responsável pela região Sudeste, um alarme foi acionado na madrugada de 12 de janeiro e o diretor de controle e gestão da empresa, Fábio Sepúlvida, enviou equipes de técnicos para a área, mas os deslizamentos haviam obstruído diversas estradas. A solução foi alugar um helicóptero para sobrevoar a região e analisar melhor o cenário.

Em Bom Jardim, torres da Oi e da Vivo ficaram debaixo d’água e precisaram ser substituídas

Durante o sobrevoo, Sepúlvida constatou que as torres estavam todas intactas. O maior problema era a falta de energia. Apenas em Bom Jardim, o equipamento da Vivo ficou debaixo d’água, assim como o da Oi, situado no mesmo terreno, que tiveram perda total e foram substituídos. As torres da Claro e da Tim, que ficam no alto do morro, no bairro dos Alves, não foram atingidas. Enquanto a energia não retornava, a saída foi levar geradores a gasolina até as ERBs. O trabalho exigiu também o uso das COWs (Cellular Over Wheels), que são ERBs menores, de fácil instalação e que podem ser transportadas em furgões. O backhaul para essas ERBs é provido via satélite ou através de microondas de rádio e a energia é fornecida por geradores ou painéis solares. Outra medida comumente adotada quando uma torre para de funcionar é redirecionar remotamente as antenas de outras ERBs próximas, de forma a readequar suas coberturas e diminuir a área de sombra provocada pela queda da vizinha

Conserto da rede fixa pode levar meses e assinantes da Oi continuarão usando celulares em sua substituição

Por não depender de fios e cabos, as redes móveis são sempre reconstruídas mais rapidamente que as fixas. Em pouco mais de uma semana a cobertura móvel em Bom Jardim e nas demais cidades atingidas estava quase toda recuperada. Mas na rede fixa, o conserto vai levar meses. Postes inteiros foram ao chão ou caíram dentro do rio, levando junto a fiação. Em alguns locais, como no acesso a São Miguel, pela RJ-146, não há nem mais calçada para pôr os postes e em alguns locais, até a casa do assinante foi embora. “Às vezes, nem vale a pena reconstruir a parte fixa”, comenta Severiano Macedo, gerente de suporte de vendas da Alcatel-Lucent.

A solução para atender os assinantes do serviço fixo em Bom Jardim e outras cidades foi recorrer à rede móvel: a Oi disponibilizou 35 mil celulares na região serrana para uso gratuito temporariamente. Em alguns locais, o acesso à internet da Oi Velox também ficou prejudicado. Até a redação do JORNAL MAIS foi atingida, pois ficou sem acesso à internet pela Velox e teve que contratar um provedor local. Seu telefone fixo também parou de funcionar e até hoje está sendo usado um número celular, com sistema “Siga-me”, para redirecionar as ligações.

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