sexta-feira, 1 de abril de 2011

OS PREFEITOS DE BOM JARDIM e SUAS OBRAS

Benedicto Coube de Carvalho (2º mandato: 1973/1976)

Erthal Rocha (*) - O Prefeito Adelque Figueira Rodrigues foi sucedido pelo capitão reformado da PM Benedicto Coube de Carvalho que assumiu o mandato (segunda gestão), em janeiro de 1973, tendo como vice o vereador Samuel Souza, representante do distrito de Banquete. Nesta administração, destaca-se a construção da Ponte Berçot, sobre o Rio Grande, com recursos da municipalidade. Tem 40 metros de extensão e 6 de largura. Foi a maior ponte construída pela Prefeitura. É de inestimável utilidade. Serve a três distritos de Bom Jardim e às localidades de Monte Café, Doutor Elias e São Lourenço, no vizinho município de Trajano de Moraes. A mão de obra e o material foram fornecidos pela Prefeitura de Bom Jardim. O Estado enviou apenas um engenheiro para orientar a construção. Muitos, na época, não acreditavam que obra de tal vulto pudesse ser executada pela municipalidade.

Em seu 2º mandato, Benedicto enfrentou séria crise, quando aumentou o IPTU em cerca de 150%, o que motivou reportagem de 1ª pagina no jornal local, dirigido por Manoel Erthal. Interpretando os reclamos da população, o editorial assinala: “É necessária a revisão do percentual para que a população não seja ainda mais prejudicada com a elevação demasiada dos impostos e que deu motivo de reclamação e insatisfação de numerosos proprietários da cidade. O BONJARDINENSE faz um apelo ao Sr. Prefeito no sentido de uma revisão no percentual, observando critério geral e de justiça.”

Durante o mandato de Benedicto, Bom Jardim sofreu uma grande perda. A morte de José Guida, ex-prefeito por dois mandatos não consecutivos e provedor da Santa Casa. Foi uma perda irreparável ocorrida em abril de 1969. Seu corpo foi velado na Câmara Municipal. Na ocasião, em nome do município, por delegação do Prefeito, falou o jornalista e advogado Célio Erthal Rocha e em nome dos vereadores, o Professor Wilson Teixeira. Toda população de Bom Jardim, consternada, sem distinção de classes sociais, acompanhou o sepultamento daquele inolvidável conterrâneo, que se tornou credor do carinho e do respeito de todos. Há um poema de Alberto Serrano, membro do IHG/BJ, sobre a morte de José Guida que todos deveriam ler e guardar.

Apesar de ser irmão unilateral de Humberto Soeiro de Carvalho, chefe do Gabinete Civil do Governador Jeremias Fontes, o Prefeito Benedicto Coube de Carvalho não teve a ajuda e colaboração do Governo do Estado que esperava, razão pela qual não conseguiu debelar a grave crise de energia elétrica em Bom Jardim, em seu primeiro mandato. O problema só foi resolvido na gestão de Adelque em 1971, com a encampação do serviço pelo Estado, já no governo Raymundo Padilha.

O Encontro de 13 Prefeitos da região, na cidade de Friburgo, em 1965, promovida por este jornalista, então deputado estadual em exercício, tinha como objetivo a cessão das estações desativadas da Estrada de Ferro Leopoldina às prefeituras da região. Iniciado o movimento, o Prefeito Benedicto Coube de Carvalho conseguiu para a municipalidade, em seu segundo mandato, a cessão do antigo prédio localizado na Rua Nilo Peçanha, onde instalou a sede da Prefeitura, adaptando-a as novas exigências do município em crescimento, já recuperada sua capacidade energética.

Foi voz corrente em Bom Jardim que, em decorrência de reportagem reclamando contra o abusivo aumento do IPTU, o Prefeito Benedicto suspendeu a publicação dos atos oficias no único jornal local, fato que motivou, na edição de 31/08/1970, o editorial em que denuncia o fato. Assinala o jornal: “É incompreensível que o Sr. Prefeito não vem fazendo publicar em “O BONJARDINENSE”, há alguns meses, os atos oficiais da Prefeitura, já que S. Excia está obrigado a fazê-lo, pois o nosso jornal é o único do município e com publicação regular há oito anos. Nosso jornal, apesar de não receber nenhuma ajuda financeira da Prefeitura continuará divulgando as notícias e coisas de nossa terra, com a colaboração da Loteria Estadual e de bom-jardinenses sinceros e de alguns não bom-jardinenses que, compreendendo o alcance de nosso trabalho, nos tem ajudado e estimulado no sentido de fazermos a divulgação de nossa terra. Divulgação necessária e importante, apesar de assim não entender, infelizmente, o Sr. Prefeito de Bom Jardim.” Na ocasião, o Sr. Manoel Torres, farmacêutico, nascido em São José do Ribeirão e presidente da Associação dos Filhos e Amigos de Bom Jardim, enviou ao Prefeito Benedicto ofício afirmando : “ Não fazemos favor, Sr. Prefeito, temos o dever e a obrigação de estimular o que é nosso. E nosso é “O BONJARDINENSE”, dirigido pelo Sr. Manoel Erthal. Aqui fica o apelo. Vamos colaborar, vamos estimular. “É preciso utilizar o jornal local para divulgação dos atos da Prefeitura, como manda a lei.” (No próximo artigo, focalizarei o 3º e último mandato de Benedicto Coube de Carvalho).

Célio Erthal Rocha é advogado, jornalista, membro do IHG/BJ e articulista do JORNAL MAIS BJ. E-mail: erthalrocha@terra.com.br.

Em tempo: O BONJARDINENSE circulou, com regularidade, durante 10 anos, de 31/01/1963 a 31/03/l972, prestando assinalados serviços à comunidade como único veículo de comunicação do município. Em seu último número, seu diretor Manoel Erthal (foto), em editorial, comunica que é obrigado a interromper a publicação por motivo de seu estado de saúde e que voltaria a ser editado brevemente. Fato que, infelizmente, não aconteceu. A lacuna só foi preenchida anos mais tarde, com a fundação do JORNAL DE BOM JARDIM, que acaba de completar l6 anos de útil e regular existência.

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