sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Voz do Pastor + Dom Edney Gouvêa Mattoso

A ressurreição e a vida


Caros amigos, aproximamo-nos cada dia mais da chamada “Semana Santa”, cujas significativas celebrações, tradicionalmente ornadas por variadas devoções populares, findam o tempo de preparação para a Solenidade da Ressurreição do Senhor e nos introduzem no tempo pascoal.

Ao celebrarmos o quinto domingo da quaresma deste ano, as igrejas de rito latino do mundo inteiro proclamam a passagem evangélica da “ressurreição de Lázaro”. Nesta, Cristo revela: “Eu sou a ressurreição e a vida! Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá!” (Jo 11,25-26).

A este respeito comenta o Santo Padre Bento XVI: “A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele (em Jesus Cristo). A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança”. (Mensagem para a Quaresma de 2011).

Quando Cristo ressuscita Lázaro, anuncia sua própria ressurreição, que será, entretanto, de outra ordem: Lázaro volta à vida terrena, corruptível; Cristo ressuscitado é detentor de uma vida incorruptível. Os cristãos já participam desta vida graças ao Espírito Santo, ainda que ela esteja, de momento, escondida com Cristo em Deus (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1002-1003), e dela participaremos plenamente na ressurreição da carne.

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano toca de alguma maneira este ponto, pois, mesmo vivendo num tempo que carece da plenitude de Cristo, o cristão já se revestiu do homem novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou (cf. Cl 3,10), e esta verdade deve resplandecer em suas atitudes com toda a criação que o cerca.

A “sociedade sustentável, sem as injustiças que excluem milhões de pessoas, e pautada num modo de viver compatível com a preservação desta imensa riqueza que é a vida no planeta” (texto-base CF 2011, 188) será fruto de nossa fé na vida que vem de Cristo e nos da forças para viver como homens e mulheres chamados à vida eterna. Assim, não é compatível com nossa fé a negligência em relação à vida no Planeta, mas ela nos move a atuar em harmonia com a criação.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de Nova Friburgo

Nenhum comentário: