sexta-feira, 8 de abril de 2011

Secretário de Saúde de Bom Jardim fala sobre DENGUE no município

Em razão da preocupação que tanto o poder público quanto a população bom-jardinense demonstra em virtude do aumento considerável de dengue no estado, na região e de seu aparecimento inédito no município de Bom Jardim, o JORNAL MAIS BOM JARDIM, via a Assessora de Imprensa da PMBJ jornalista Ana Amélia Mendes, entrevistou o atual secretário de Saúde e Defesa Civil, Hudson Monnerat (FOTO) para esclarecer determinados pontos, assim como apresentar as ações implementadas pelo município no combate a essa terrível doença.

= Jornal Mais Bom Jardim: Bom Jardim já apresenta alguns casos de dengue confirmados e notificados. A secretaria de Saúde tem realizado alguma ação de controle da doença?

= Hudson Monnerat: O número crescente de casos de dengue em Bom Jardim demanda atenção especial da Secretaria Municipal de Saúde, pois pela primeira vez, em 20 anos de epidemias de dengue no Brasil, estão ocorrendo casos no município. A preocupação da população é justificada, pois a evolução da doença pode ter desfecho grave, chegando ao óbito. Por isso, a Secretaria de Saúde vem, desde dezembro de 2010, realizando treinamento em médicos das unidades de Programa Saúde da Família (PSF), distribuição de manual de Manejo da Dengue do Ministério da Saúde para todas as unidades, inclusive para o Hospital Dr. Celso Erthal da Santa Casa de Bom Jardim. o município de Bom Jardim, de acordo com a classificação do Ministério da Saúde é considerado um município de incidência baixa (<100 casos/ 100 mil hab.). O controle da dengue é uma atividade complexa devido aos fatores que são determinantes na manutenção e dispersão da doença, como os aglomerados urbanos, inadequadas condições de moradia, o lixo, e a facilidade com que um grande volume de pessoas circula entre as cidades e municípios. Isso tudo reforça o fundamento de que o controle do mosquito é uma ação de responsabilidade coletiva e que não se restringe apenas ao setor de saúde e seus profissionais. É importante frisar neste momento que todas as ações implementadas seguem as diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue, lembrando que ainda não apresentamos uma realidade deste nível.

= Jornal Mais Bom Jardim: Como o paciente identifica que está com dengue?

= Hudson Monnerat: Todo paciente com suspeita de dengue deve realizar o hemograma completo no primeiro atendimento e caso o resultado apresente um número de plaquetas abaixo de 100.000/mm³, a pessoa deverá retornar a uma das unidades de saúde, com o primeiro exame em mãos, para realizar novo hemograma no prazo de 48 horas, a fim de monitorar o risco de desenvolver ou não hemorragia. O exame de confirmação é feito através da sorologia que é solicitado a partir do sexto dia do início dos primeiros sintomas da doença. Todas as unidades municipais de saúde estão autorizadas a solicitar exames para diagnóstico de dengue. A maioria dos casos de dengue evolui para cura espontânea. Os principais sintomas são: febre (39º a 40º) de início abrupto, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor muscular e nas articulações, náuseas, vômitos, falta de apetite, diarréia e erupções na pele. Alguns pacientes evoluem com formas mais graves da doença e devem ser internados, pois necessitam hidratação e monitoramento das condições sanguíneas.

= Jornal Bom Jardim: Como é feito o tratamento?

= Hudson Monnerat: A doença não tem tratamento específico. O próprio corpo se encarrega de combater o vírus, produzindo anticorpos contra ele. Medicamentos que contenham o ácido acetil salicílico (AAS) e outros anti-inflamatórios não devem ser usados contra febre e dor.

= Jornal Mais Bom Jardim: De que forma a prefeitura e a secretaria realiza o controle à doença?

= Hudson Monnerat: O primeiro passo é fazer levantamentos rápidos de índices entomológicos que são realizados de acordo com a determinação da secretaria de estado de Saúde e Defesa Civil, e no bairro sorteado pelo programa SISFAD, onde serão inspecionados 20% dos imóveis existentes no quarteirão e como conseqüência, será gerado um índice de infestação por Aedes aegypti que é considerado de risco quando está acima de 3,9% e o último gerado em Bom Jardim foi de 1,27%. O segundo passo é a visita domiciliar realizada seguindo um mapa do município, onde estão identificados os quarteirões de todos os bairros, somente sendo permitida a mudança de área após o término da anterior. As visitas, atualmente em São Miguel e Caxangá, são feitas pelo agente de endemia para verificar a presença de criadouros, assim como para orientar os moradores sobre sua eliminação, e sobre medidas preventivas, sempre identificando o foco e efetuando o tratamento que pode ser biológico, químico, mecânico.

= Jornal Mais Bom Jardim: Como é feito o combate direto ao mosquito?

= Hudson Monnerat: A população deve entender que para cada fase do mosquito, existe um tratamento diferenciado. Exemplo disso é que as atividades de controle focal das larvas do mosquito consistem na aplicação de um produto larvicida, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e indicado pelo Ministério da Saúde que tem eficiência de ação por três meses. Já no controle do mosquito adulto, usamos a aplicação de UVB, conhecida como fumacê que tem a função específica de eliminar fêmeas adultas de Aedes aegypti, e só deve ser utilizado para bloqueio de transmissão e para controle de surtos e epidemias. É de suma importância ressaltar que existe um limite para aplicação do fumacê que é de cada sete dias por 4 a 5 semanas, quando o município está em epidemia (>300 casos/100 mil hab.), o que não se encaixa à realidade de Bom Jardim, que segundo o Ministério da Saúde, apresenta números eu não justifica sua aplicação. Porém, a Secretaria Municipal de Saúde realiza a aplicação com intervalo de tempo seguro, de no mínimo 20 dias entre as aplicações, para que não cause nenhum tipo de dano à população e ao meio ambiente.

= Jornal Mais Bom Jardim: Qual efeito do fumacê?

= Hudson Monnerat: a nebulização eliminará por contato todos os mosquitos que estiverem voando no local e deverá ser realizada no horário das 18 às 22 horas, quando o mosquito apresenta maior agitação, e também seguindo as diretrizes nacionais de prevenção e controle de epidemias de dengue.

= Jornal Mais Bom Jardim: Além das residências, existem outros pontos de atuação da Secretaria Municipal de Saúde de Bom Jardim no combate à dengue?

= Hudson Monnerat: Fazemos visitas periódicas para tratamento focal em diversos pontos estratégicos como cemitérios, ferros velhos, depósitos de carros, e outros locais dentro dos limites territoriais do município que possam apresentar focos. Estamos realizando através de ação integrada com a Vigilância Epidemiológica que nos informa os casos confirmados, a visita domiciliar do agente de endemia, pesquisa e eliminação de focos e bloqueio focal em uma área ao redor do domicílio de 150 metros. Além disso, fizemos uma parceria com os agentes de saúde de todas as unidades de saúde do município que nos encaminham casos de verificação de criadouros de difícil acesso ou que necessitem do uso de larvicidas. Disponibilizamos também em todas as unidades de saúde, capas para caixas d’água de 500 e 1000 litros, distribuídas e fornecidas gratuitamente pelo governo do estado. E para finalizar, formamos o Comitê de Combate à Dengue e realizamos o importante Dia D que contou com a participação do nosso Prefeito Paulo Barros, de outras autoridades, escolas e diversos segmentos da sociedade bom-jardinense.

= Jornal Mais Bom Jardim: Diante do cenário alarmante que a região está vivendo em razão ao alto número de casos de dengue, Cantagalo apresenta mais de 500 casos, o secretário que fazer alguma outra colocação?

= Hudson Monnerat: Gostaria de esclarecer que todas as ações de combate à dengue determinadas pelo Ministério da Saúde são realizadas em Bom Jardim com a devida competência, porém é de fundamental importância a conscientização da população de que a dengue, uma doença grave, que pode causar a morte, não é competência apenas dos órgãos de saúde e da prefeitura, mas sim de todos nós, cidadãos bom-jardinenses. E para encerrar, a Secretaria Municipal de Saúde e a Prefeitura como um todo, não foram, em momento algum, omissas ou negligentes diante de suas responsabilidades e continuarão na luta contra a dengue. Em caso de dúvidas, a população deverá procurar a Secretaria Municipal de Saúde ou acionar a Ouvidoria Municipal através do telefone 0800-095-8566 ou pelo site www.bomjardim.rj.gov.br/ouvidoria.

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