sexta-feira, 15 de julho de 2011

José Maria Reis, um grande homem que se foi e uma imensa saudade que fica!

Por: Lucas Reis Pinto (*)

A primeira vista era museu de cachaças. Olhando atentamente havia não mais que cinco pingas diferentes, eram muitas garrafas empoeiradas. Logo abaixo das infinitas prateleiras, num retrato fiel do que posteriormente descobriria, arames entrelaçados formavam um varal. Estendiam-se ali, salsichas, lingüiças e calabresas. Se tratando de uma mercearia, não poderiam faltar utensílios básicos. Com caixas de fósforos, cigarros, copos e cerveja posicionavam o retrato. O colorida ficava por conta dos biscoitos, balas e pirulitos, em primeiro plano, no balcão aonde o aguardava só.

Não passara muito tempo até o dono recepcionar-me. Saiu dos fundos, passando sob uma porta estreita. Em frente a ela, a sinuca inda jazia verde. As botinas, claro, ainda com um pouco de barro molhado anunciavam sua chegada. As calças perfeitamente encardidas engoliam metade da camisa de botão. Por fim, um boné. Colocado da maneira que lhe coube, parecia-me uma coroa.

Sentia que um cumprimento caloroso me aguardava. Não foi diferente. Os braços abertos eram levados por um sorriso largo. Abraçou-me. Ajeitou os óculos, deu a volta no balcão e me ofereceu algo pra beber. Não poderia fazer tal desfeita. Era seu reino.

Pedi uma cerveja. Catou qualquer garrafa mais gelada, levou a pia e abriu com uma faca, servindo-lhe ali, como abridor. Sentou-se em minha frente, separados pelo colorido, percebi que estava um pouco ofegante.

- O senhor está bem? – perguntei preocupadamente.

- Oitenta e um anos pesam, mas nunca me senti tão bem. Respondeu com os olhos brilhando.

Me contou que uma de suas vacas estava prenha e prestes a parir. Morava embaixo da mercearia, a porta de entrada de um enorme sítio. Continuou:

- Subi o pasto atrás da vaca e não deu outra, estava parindo, deitada, sofrendo... se não fosse por minha teimosia, teria perdido as duas – disse, ao mesmo tempo que arrancava um naco das lingüiças.

Entre um gole e outro, sorri. Balbuciei qualquer coisa, mas fui interrompido espirituosamente.

- Descendo, sabe, esses capins enganam... pisei numa vala, rolei pasto abaixo até parar no córrego que ali tinha. Aproveitei que estava calor, arranquei minha roupa pra tomar um banho no rio.

As gargalhadas soaram-me de maneira sublime, tal qual aquele momento pra ele. Entendi que o diminutivo empregado, Zé, não era de longe pejorativo. Seu Zé, como por todos é conhecido, além de Zé, é Zé Maria.

(*) Lucas Reis Pinto é neto do inesquecível JOSÉ MARIA REIS, que faleceu no dia 10/07/2011, consternando familiares e muitos amigos. E desta forma, em seu nome, dos demais netos e familiares fica registrada em homenagem ao já saudoso Zé Maria Reis.

CONVITE: MISSA DE 7º DIA

Aproveitando, a família Reis convida todos para a missa de 7º dia pela alma do Sr. José Maria Reis, que será celebrada neste sábado, dia 16/07, às 18h30min na Igreja Matriz de Nossa Senhora Conceição.

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