sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Voz do Pastor + Bispo Dom Edney Gouvêa Mattoso

O Dom da Paz

Caros amigos, muitos são os sinais característicos dos discípulos de Jesus Cristo: o sinal da cruz, a oração do Pai nosso, as mãos postas ou erguidas em oração, etc. Por estes gestos e sinais são facilmente identificáveis as expressões artísticas da Igreja dos primeiros séculos, separando-as das demais obras do mesmo período. Outro característico costume da igreja de todos os tempos é a saudação cristã que deseja a paz.

Os judeus já guardavam o costume de saudar-se com o “shalom”, que significa paz. Com esta saudação Cristo ressuscitado saúda também os apóstolos e demais discípulos depois da ressurreição (cfr. Jo 20,21.26), porém sua mensagem dá a esta palavra uma carga nova de significado. Disse-nos Jesus: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!” (Jo 14, 27) e ainda: “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5, 9).

A paz que Cristo nos comunica não pode se confundir com um conceito de paz que as vezes assalta a nossa mente e que nos deixa imobilizados, passivos diante dos desafios de cada tempo. Não se confunde com a imperturbabilidade do mundo, é dinâmica.

Logo, os bem-aventurados não são os colocados em um pedestal ou dentro de uma redoma de vidro, não conheço um santo sequer que tenham vivido este tipo de “pacividade” –, eles eram pacíficos, mas promoveram a paz de Jesus incendiando o mundo com sua doutrina e denunciando tudo aquilo que contradizia a presença do Reino.

Em várias de minhas visitas às diferentes comunidades de nossa querida Diocese eu explicava que a paz de Cristo não é como a paz do mundo, que é transitória, passageira e fugaz, mas é aquela que aquece e enche nossos corações, e nos deixa inquietos quando não percebemos os sinais da presença do Reino de Cristo atuando no mundo.

O mundo reconhecerá que somos discípulos do Mestre por nosso modo de viver que leva a sua paz. Deste modo todo verão que Ele continua agindo em cada um: transformando corações e mentes, colocando-nos em uma atitude de acolhimento e disponibilidade para não só ouvirmos a Palavra, mas para nos deixarmos plasmar por ela, fazendo de cada um de nós novas criaturas.

A paz também é fruto do Espírito Santo (cfr. Gl 5, 22) e onde damos entrada ao Espírito tudo se transforma e nada permanece como estava. Sejamos dóceis às suas inspirações para também sermos dignos de sua paz.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de Nova Friburgo

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