sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Coluna do Magno

É hora de união, de motivação e de reconstrução

A. Magno

Recife é banhada por cinco rios (Capibaribe, Beberibe, Tejipió, Pina e Jordão) e por diversos canais. Dos cinco, o Capibaribe é o mais importante. O Capibaribe corta aproximadamente 70% da cidade e os restantes 30% ficam por conta dos outros quatro rios. A cidade é bastante plana, tendo locais abaixo do nível do mar.
Por sua situação geográfica, desde 1632 a 1978 a cidade conviveu com cerca de 20 devastadoras enchentes, na sua maioria, causadas pelas águas do Capibaribe. Infelizmente, convivi com sete destas enchentes, inclusive com a pior delas, a de 1975, chamada a enchente do século, quando a vazão do rio Capibaribe passou de 700 mts cúbicos/segundo para 3400 mts cúbicos /segundo, deixando 80% da cidade debaixo d’água.
Como providências, além de três barragens já existentes na bacia do Capibaribe, em 1978 inaugurou-se a barragem de Carpina com capacidade para armazenar 270 milhões de mts cúbicos de água, e simultaneamente, houve alterações no curso do rio, bem como, o alargamento, o aprofundamento e a retirada de uma curva na entrada da cidade de Recife. “A partir destas providências, Recife não mais conviveu com as famosas e devastadoras enchentes, aqui chamadas de cheias”.
Sei perfeitamente que cada caso é um caso, mas por outro lado, entendo que o que aconteceu com o município de Bom Jardim em 2007 e agora em 2011 foi causado pelas águas vindas de Nova Friburgo através dos rios São José e Grande, ou seja, a mesma coisa que por 346 anos vinha ocorrendo com Recife. Portanto, se providências não forem tomadas com relação aos dois rios bom-jardinenses, como por exemplo, a contenção de suas águas através de barragens, a eliminação de curvas, alterações no curso, alargamentos e aprofundamentos do leito onde se fizer necessário, infelizmente, vamos ter de aprender a conviver com derramamentos de lágrimas.
A recuperação de nosso Bom Jardim vai requerer um plano de ação competente dividido em etapas, bem acompanhado e fiscalizado com austeridade e transparência pública. Exigirá do amigo e Prefeito Dr. Paulo Barros, a serenidade do pai Prof. Benedito e a alegria – não confundir com felicidade – e espírito guerreiro da mãe Maria Vieira. Mas, pelo Bom Jardim que vi durante os dois anos que aí passei, “dou-lhe o meu voto de inteira confiança em sua nova, dura e difícil missão”.
Espero que não passe por nenhuma cabeça bom-jardinense que a recuperação do município seja tão somente da responsabilidade do poder executivo. Tal responsabilidade é de toda a sua população.
Neste momento em que a população necessita “auto- estimar-se”, creio que todo e qualquer ponto de convergência, (Templos religiosos, Escolas, Clubes, Sindicatos, Associações, Empresas e outros), pode e deve tentar colaborar neste sentido fazendo o uso de profissionais credenciados.
Infelizmente, nestes momentos de grandes perdas costumam aparecer três espécies de oportunistas que tentarão ganhar com o sofrimento alheio. São eles: “Os saqueadores, os especuladores de preços e os agiotas”. A estes predadores, cabe ao judiciário ou as polícias enquadrá-los na forma da lei.
Ao meu Bom Jardim que não deverá permitir ser olhado ou tratado como coitadinho; ao meu Bom Jardim que deverá entender que o que aconteceu foi tudo que poderia ter acontecido, porém, sem perdas de vida, o nosso “bem maior” e ao meu Bom Jardim que já conhece o caminho para o crescimento em nível de China, resta-lhe tão somente, “seguir em frente”.
E.T. Ao ex-prefeito Afonso Monnerat eu desejo muita saúde, muita serenidade e disposição em sua nova e árdua missão.

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