sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Diácano Alves Vieira - Como foi a sua indicação para prefeito de Bom Jardim (3ª e última parte)

(*) Erthal Rocha

Na gestão de Diácano, Bom Jardim teve um ansiado melhoramento. A ligação direta entre nossa cidade e Niterói pela Viação 1001, de grande utilidade para a região. O ato inaugural teve a presença do seu fundador, José Evangelista Cortez, que foi homenageado pela população, tendo a frente o Prefeito e o presidente da Câmara, Mário Nicoliello, que mais tarde foi prefeito, tendo falecido no curso do mandato. Na época, a ligação ferroviária estava precaríssima, prestes a ser extinta por Jânio Quadros e poucos tinham possibilidade de ter condução própria. Não esquecendo sua antiga profissão, Diácano sempre foi um incentivador da Procissão de São Cristovão (cujo significado é aquele que conduz Cristo). Durante seu mandato ela alcançou notável número de participantes, contando com a benção dos veículos feita pelo Frei Francisco Spotto, carinhosamente chamado de Frei Bolinha, que reside, atualmente, na Sicília (Itália). Naquele tempo as prefeituras, principalmente as de cidades de pequeno porte, enfrentavam grande dificuldade financeira, vivendo, praticamente do auxílio proporcionado pelo Estado, através da Secretaria de Fazenda. Em várias ocasiões, acompanhei os prefeitos de Bom Jardim (do nosso partido, é claro!) ao velho casarão da Rua Marechal Deodoro, então sede da secretaria, em Niterói, para receber verbas, já autorizadas pelo Governador. Na gestão de Diácano, era secretário de Fazenda, o Sr. Augusto De Gregório que só chegava depois das 5 horas da tarde, pois morava no Rio e tinha outras ocupações. Era um suplício para os prefeitos do interior que chegavam na parte da manhã a Niterói e pretendiam regressar no mesmo dia, o que se tornava impossível. Era uma desconsideração aos prefeitos e desprestígio aos municípios. A situação de aperto perdurou até a Constituição Federal, promulgada em l988, e posteriormente nas constituições estaduais, proporcionando o seu desenvolvimento, com recursos nelas consignados. Naquele tempo chefiar o executivo municipal era cargo de sacrifício, tal a apertura financeira.

Terminado seu mandato como Prefeito, o diretório da UDN achou que deveria premiar Diácano com uma colocação no Estado, dando-lhe o devido valor por sua carreira iniciada como motorista e chegando a chefe do executivo municipal. Através do seu presidente, meu tio Carlos Erthal, (Sr. Carlinhos como era conhecido) me foi solicitado postulasse junto ao Governador Paulo Torres, o cargo de agente fiscal para Diácano, o que foi conseguido com a ajuda do saudoso deputado Alberto Torres, sempre atento às reivindicações de Bom Jardim. Na mesma ocasião chegou ao Palácio, pedido de nomeação para a mesma vaga, formulado pelo Dr. Péricles Corrêa da Rocha, detentor de prestígio e inegável influência, através de Paulo Araújo, presidente da UDN estadual, bem como do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Cordolino Ambrósio, do PTB, em favor de outro candidato de Bom Jardim, filiado ao seu partido. Paulo Torres cumpriu com a palavra a mim empenhada, como sempre o fez e nomeou Diácano. O cargo foi depois transformado em chefe da coletoria local e, posteriormente, em fiscal de renda. Foi um merecido prêmio a Diácano Alves Vieira e a sua digna e numerosa família em virtude de seu caráter e correta administração como Prefeito de Bom Jardim.

Célio Erthal Rocha é advogado, jornalista, membro do IHG/BJ e articulista do JORNAL MAIS.

Email: erthalrocha@terra.com.br

PS. Estou informado que ao nosso histórico cinema, já reformado pela municipalidade, será dado o nome de seu idealizador e construtor, Édmo Erthal. É uma justa e oportuna homenagem que o agora ex-prefeito Affonso Monnerat teve a iniciativa de prestar ao grande ex-prefeito e benfeitor de Bom Jardim.

Nenhum comentário: